A sociedade norte-americana do pós-guerra: a Guerra Fria e a sociedade da abundância

De Baripedia

Baseado num curso de Aline Helg[1][2][3][4][5][6][7]

Em 1954, no auge da Guerra Fria, o Congresso dos Estados Unidos tomou a decisão estratégica de incluir a frase "sob Deus" no Juramento de Fidelidade. Esta alteração, longe de ser insignificante, tinha como objetivo marcar uma clara distinção em relação à União Soviética, então vista como um bastião do ateísmo. Através desta mudança simbólica, os Estados Unidos procuraram realçar os seus valores religiosos e patrióticos, em oposição direta à ideologia comunista.

Esta mudança na legislação teve lugar num contexto de crescente nacionalismo. Até 2003, as escolas do Texas e de outros estados recitavam o Juramento de Fidelidade, que passou a incluir as palavras "sob Deus", reflectindo a persistência destes valores na educação americana.

Durante este período de tensão internacional, os Estados Unidos e outros países ocidentais efectuaram exercícios de defesa civil destinados a preparar a população, incluindo as crianças, para a eventualidade de um ataque nuclear soviético. Estes exercícios foram concebidos para ensinar medidas de proteção contra a precipitação radioactiva, como parte de uma estratégia global de preparação para uma potencial guerra nuclear.

A era pós-Segunda Guerra Mundial viu os Estados Unidos florescerem como uma superpotência económica, uma era por vezes referida como a "sociedade afluente". Este período caracterizou-se por uma prosperidade económica notável, impulsionada por uma força de trabalho produtiva, políticas governamentais favoráveis e um mercado de consumo em expansão. Com a sua posição de líder industrial mundial e a sua influência política e militar, os Estados Unidos conseguiram manter e aumentar a sua prosperidade durante a Guerra Fria, moldando o mundo moderno em que vivemos atualmente.

Os Estados Unidos e a Guerra Fria[modifier | modifier le wikicode]

A utilização de bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos, em agosto de 1945, não só marcou o trágico e controverso fim da Segunda Guerra Mundial, como também serviu de prelúdio para o início da Guerra Fria. Este período, caracterizado por uma intensa rivalidade política, militar e ideológica, opôs os Estados Unidos à União Soviética, as duas superpotências emergentes da época. A posse de armas nucleares pelos Estados Unidos, demonstrada de forma devastadora no Japão, pareceu inicialmente dar aos americanos uma vantagem estratégica nas negociações do pós-guerra. No entanto, também catalisou uma corrida ao armamento sem precedentes entre os Estados Unidos e a União Soviética, mergulhando o mundo num estado de incerteza e medo de um possível apocalipse nuclear. A Guerra Fria foi travada em várias frentes. Os Estados Unidos adoptaram uma política de contenção destinada a limitar a propagação do comunismo através de uma série de meios, incluindo a intervenção militar, medidas económicas e estratégias diplomáticas. Ao mesmo tempo, a União Soviética envidou esforços consideráveis para alargar a sua influência e estabelecer o seu modelo ideológico para além das suas fronteiras. Este confronto bipolar moldou significativamente a sociedade, tanto nos Estados Unidos como à escala mundial. As relações internacionais, a economia global e as políticas internas de muitos países foram profundamente influenciadas, se não mesmo determinadas, pela dinâmica da Guerra Fria. Este conflito prolongado, embora nunca tenha degenerado numa guerra aberta entre as duas superpotências, deu origem a uma série de conflitos por procuração, estimulou uma corrida frenética ao armamento e induziu uma atmosfera de desconfiança e suspeição que durou décadas.

No final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos emergiram numa posição excecionalmente vantajosa em comparação com as outras grandes potências mundiais. O seu território permaneceu em grande parte intocado pelas devastações da guerra e a sua economia, longe de estar a enfraquecer, estava em plena expansão. No entanto, esta posição dominante deparou-se com um grande obstáculo: a impossibilidade de impor os seus ideais liberais à União Soviética. Vendo a expansão do comunismo como uma ameaça direta ao seu modo de vida e à ordem mundial que desejavam estabelecer, os Estados Unidos adoptaram uma política multidimensional para conter essa influência. Esta estratégia englobava medidas políticas, económicas e militares, todas destinadas a travar a expansão comunista e a afirmar a sua hegemonia. No entanto, a União Soviética, sob a liderança de Joseph Estaline e dos seus sucessores, revelou-se impenetrável a estas tentativas de influência. Em vez disso, a União Soviética adoptou uma política económica baseada em mercados fechados e num desenvolvimento económico fortemente controlado pelo Estado. Esta abordagem contrastava fortemente com o modelo capitalista e o comércio livre defendidos pelos Estados Unidos. Esta divergência fundamental criou barreiras substanciais à expansão dos interesses económicos americanos e limitou a capacidade dos Estados Unidos de dominarem os mercados mundiais. Além disso, a política externa da União Soviética, centrada na expansão da sua influência e do seu modelo ideológico, levou a confrontos directos e indirectos com os Estados Unidos em várias partes do mundo. Como resultado, o período do pós-guerra viu surgir uma era de competição feroz entre os Estados Unidos e a União Soviética, definindo os contornos da Guerra Fria. Esta rivalidade manifestou-se não só a nível económico e político, mas também na corrida aos armamentos, nos conflitos por procuração e na luta pela influência cultural e ideológica em todo o mundo.

Líderes aliados na conferência. Da esquerda para a direita: Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Joseph Stalin.

A Conferência de Ialta, realizada em fevereiro de 1945 na estância balnear da Crimeia, representou um momento decisivo na história mundial. Reuniu três dos líderes mais influentes da época: o Presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, o Primeiro-Ministro britânico, Winston Churchill, e o Primeiro-Ministro soviético, Joseph Estaline. O principal objetivo desta reunião histórica era definir os contornos da era pós-Segunda Guerra Mundial e traçar o caminho para uma nova ordem mundial. Um dos principais resultados da Conferência de Ialta foi a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU), concebida para ser um fórum internacional de promoção da paz, da segurança e da cooperação entre as nações. A criação da ONU constituiu um passo significativo para o estabelecimento de uma arquitetura global de governação internacional, procurando evitar as armadilhas que tinham conduzido ao fracasso da Sociedade das Nações após a Primeira Guerra Mundial. No entanto, apesar deste êxito, a Conferência de Ialta também pôs em evidência diferenças profundas entre os Aliados. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha eram defensores acérrimos do comércio livre e dos mercados abertos, uma visão económica enraizada nos princípios do capitalismo. Em contrapartida, a União Soviética, sob a liderança de Estaline, procurava manter um controlo rigoroso sobre a sua economia e limitar a influência ocidental, em especial nos territórios que controlava ou influenciava na Europa Oriental. Estas diferenças fundamentais em termos de visão económica, política externa e ideologia não só não foram resolvidas em Ialta, como também lançaram as bases da Guerra Fria. A desconfiança mútua e as ambições antagónicas das duas superpotências, os Estados Unidos e a União Soviética, moldaram o panorama das relações internacionais nas décadas seguintes, criando um mundo dividido entre as esferas de influência do Leste e do Oeste e dando início a uma era de tensão e confronto que definiria a segunda metade do século XX.

Num esforço para estabelecer a sua preeminência na ordem mundial do pós-guerra, os Estados Unidos tomaram a iniciativa de criar instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial, o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Estas instituições, concebidas e criadas na Conferência de Bretton Woods em 1944, destinavam-se a desempenhar um papel essencial na promoção do crescimento económico e da estabilidade global no período pós-guerra. Proporcionavam um quadro estruturado para a cooperação económica internacional, procurando evitar a repetição das crises económicas que tinham marcado o período entre guerras. No entanto, a União Soviética encarava estas instituições de uma forma muito diferente. Para ela, o Banco Mundial, o FMI e outros organismos semelhantes eram vistos não só como instrumentos da hegemonia financeira e comercial americana, mas também como mecanismos através dos quais os Estados Unidos procuravam alargar a sua influência e consolidar o seu domínio da economia mundial. Além disso, a URSS receava que a sua participação nestas instituições conduzisse a uma perda de controlo sobre a sua própria economia e expusesse o seu sistema económico planificado a influências externas. Consequentemente, a URSS optou por não aderir a estas instituições, uma recusa que não só aumentou o fosso económico e ideológico entre os EUA e a URSS, como também contribuiu para intensificar as tensões inerentes à Guerra Fria. A rejeição destas instituições financeiras internacionais por parte da URSS foi vista não só como uma oposição à hegemonia financeira e comercial americana, mas também como uma manifestação clara das profundas diferenças políticas e económicas entre as duas superpotências. Esta rejeição marcou uma clara linha divisória na ordem económica mundial, reforçando a divisão entre o Leste comunista e o Ocidente capitalista, e ajudou a moldar a complexa dinâmica geopolítica da segunda metade do século XX.

A criação de instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial, o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) pelos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, foi uma medida estratégica para estabelecer a sua hegemonia financeira e comercial à escala mundial. Ao propor um quadro de cooperação económica internacional e ao fornecer os recursos necessários para a reconstrução e o desenvolvimento, os Estados Unidos procuraram promover um sistema económico liberal baseado no comércio livre e na integração dos mercados. No entanto, esta visão deparou-se com a relutância da União Soviética, que se recusou a aderir a estas instituições. Para a URSS, estes organismos representavam não só uma extensão da influência americana, mas também uma ameaça potencial ao seu modelo económico planificado e à sua autonomia. Ao abster-se de participar nestas instituições, a União Soviética demonstrou a sua rejeição da hegemonia financeira e comercial dos Estados Unidos e manteve a sua política de desenvolvimento económico autónomo. Esta rejeição exacerbou as tensões ideológicas e económicas entre as duas superpotências e contribuiu para reforçar a polarização do mundo entre o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos e o bloco comunista liderado pela URSS. Esta divisão foi emblemática da Guerra Fria, reflectindo as profundas diferenças de filosofia económica e de visão do mundo entre o Oriente e o Ocidente.

Os receios que alimentaram a Guerra Fria[modifier | modifier le wikicode]

A Guerra Fria, o confronto de décadas entre os Estados Unidos e a União Soviética, foi de facto alimentada por diferenças fundamentais de natureza política, económica e ideológica. A oposição entre o capitalismo liberal americano e o comunismo soviético não era simplesmente uma diferença de opinião; representava uma luta por duas visões do mundo radicalmente diferentes. Por um lado, os Estados Unidos promoviam a democracia, as liberdades individuais, o comércio livre e o capitalismo de mercado. Por outro lado, a União Soviética defendia um modelo de governo autoritário, uma economia planeada pelo Estado e uma sociedade baseada nos princípios do marxismo-leninismo. Estas diferenças ideológicas foram exacerbadas por receios mútuos de expansão e influência. Cada superpotência temia que a outra alargasse a sua influência a todo o mundo, o que levou a uma intensa competição em todas as frentes. Politicamente, os EUA e a URSS travaram conflitos por procuração, apoiando regimes aliados ou movimentos de guerrilha em países terceiros. No plano económico, procuraram alargar os respectivos modelos económicos e conquistar aliados através da ajuda financeira e do comércio. No plano militar, lançaram-se numa corrida aos armamentos, nomeadamente nucleares, que fez temer um conflito mundial. Este período, caracterizado pelo medo, desconfiança e competição, influenciou profundamente as relações internacionais, moldando políticas, alianças e conflitos durante gerações. A Guerra Fria não foi apenas uma luta pelo domínio do mundo, foi uma luta para definir a ordem mundial, com cada superpotência a tentar impor a sua visão do futuro da humanidade.

O receio de um cerco por parte das potências capitalistas desempenhou um papel crucial na política externa soviética durante a Guerra Fria. Este receio remonta à Primeira Guerra Mundial e à Revolução Russa, quando a União Soviética (então Rússia czarista e mais tarde URSS) se sentiu ameaçada pelas potências ocidentais. Esta perceção foi exacerbada pela intervenção estrangeira durante a Guerra Civil Russa. Após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética procurou criar uma zona-tampão entre si e a Europa Ocidental. Os países da Europa Central e Oriental, libertados da ocupação nazi pelo Exército Vermelho, tornaram-se satélites da URSS. Nesses países foram estabelecidos regimes comunistas, muitas vezes pela força ou através de processos eleitorais manipulados. Estes Estados-tampão destinavam-se a oferecer um certo grau de segurança à União Soviética, protegendo-a de uma potencial nova invasão do Ocidente. Ao mesmo tempo, a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 1949, reforçou o receio de cerco dos líderes soviéticos. Estes viam a NATO como uma aliança militar agressiva, concebida para conter e ameaçar a URSS. Em resposta, a União Soviética formou o Pacto de Varsóvia em 1955, consolidando o seu domínio sobre os países satélites e criando um bloco militar oposto à OTAN. Esta perceção de cerco e o desejo de estabelecer regimes aliados nos países vizinhos conduziram a grandes conflitos políticos e ideológicos com o Ocidente. Alimentou a desconfiança mútua e desempenhou um papel central na dinâmica da Guerra Fria, levando a confrontos indirectos entre as superpotências em várias partes do mundo.

O receio dos Estados Unidos de que a URSS representasse uma ameaça global moldou a sua política externa durante a Guerra Fria. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo encontrava-se num período de transição e fragilidade. Muitos países, sobretudo na Europa e na Ásia, estavam economicamente devastados e politicamente instáveis. Esta situação criou um terreno fértil para rivalidades ideológicas e lutas de influência entre os EUA e a URSS. As guerras civis na Grécia e na China, em que os EUA e a URSS apoiaram facções opostas, foram precursoras da forma como a Guerra Fria se iria desenrolar. Do mesmo modo, os movimentos de descolonização e a pressão sobre os impérios britânico e francês abriram novas frentes de competição ideológica e estratégica. Neste contexto, a Doutrina Truman, enunciada em 1947, formalizou a estratégia americana de contenção. Esta doutrina tinha como objetivo apoiar os países que resistiam à subjugação por minorias armadas ou pressões externas, frequentemente interpretadas como movimentos comunistas apoiados pela URSS. A política de contenção foi complementada pelo Plano Marshall, uma iniciativa de ajuda económica maciça para ajudar a reconstruir a Europa. O plano tinha por objetivo não só reconstruir a Europa, mas também estabilizá-la, tornando-a menos suscetível de sucumbir à influência comunista. Os Estados Unidos, receando a propagação do comunismo e vendo a URSS como uma grande ameaça aos seus interesses e à estabilidade mundial, adoptaram uma abordagem global. Procuraram combater a influência soviética onde quer que ela surgisse, quer na Europa, na Ásia, em África ou na América Latina. Isto levou ao envolvimento direto e indireto em vários conflitos em todo o mundo, como a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietname, bem como a uma maior presença militar e económica americana à escala global. O receio da expansão soviética e a perceção da URSS como uma ameaça global foram, portanto, os principais motores da política externa dos EUA durante a Guerra Fria, moldando décadas de relações e conflitos internacionais.

Factores internos nos Estados Unidos[modifier | modifier le wikicode]

No final da Segunda Guerra Mundial, vários factores nos Estados Unidos contribuíram para a intensificação dos receios sobre a ameaça soviética durante a Guerra Fria. Um dos principais elementos foi a mudança de liderança após a morte de Franklin D. Roosevelt em abril de 1945. O seu sucessor, Harry S. Truman, embora vice-presidente, era considerado menos experiente em política externa. Esta transição pode ter suscitado preocupações quanto à capacidade da administração americana para lidar eficazmente com a ameaça soviética. Além disso, a Segunda Guerra Mundial tinha impulsionado a produção industrial e militar dos EUA. Após a guerra, muitos intervenientes no sector da defesa viram uma oportunidade de manter a sua prosperidade continuando a produzir armas. Este desejo influenciou a política externa americana, favorecendo uma posição mais agressiva em relação à URSS. A desconfiança em relação ao socialismo e ao comunismo tinha raízes históricas profundas nos EUA, remontando à década de 1880 e intensificando-se após a Revolução Russa de 1917. Durante a Guerra Fria, esta desconfiança transformou-se em medo e hostilidade abertos contra a União Soviética e o comunismo internacional. A propaganda anticomunista foi um elemento-chave na formação da opinião pública americana, com os meios de comunicação social, os filmes e os discursos políticos a retratarem frequentemente o comunismo como uma ameaça global direta à democracia e ao modo de vida americano. Por último, os Estados Unidos estavam preocupados com a ascensão dos partidos comunistas na Europa, em especial em França e Itália. Temia-se que, se estes países caíssem sob a influência comunista, tal pudesse ter um efeito dominó, ameaçando os interesses estratégicos e económicos americanos. Estes factores, combinados com o contexto internacional do pós-guerra, criaram um ambiente propício à desconfiança e ao confronto entre os EUA e a URSS, alimentando a dinâmica da Guerra Fria.

A ideia geral subjacente à política externa americana durante a Guerra Fria estava intrinsecamente ligada à noção de crescimento económico e de prosperidade nacional. Os Estados Unidos consideravam que o seu bem-estar económico estava intimamente ligado à sua capacidade de aceder a novos mercados de exportação e de assegurar o abastecimento de matérias-primas essenciais. Esta perspetiva influenciou significativamente a sua abordagem das relações internacionais durante este período. As restrições ou limitações aos seus planos de expansão global eram vistas como ameaças directas aos interesses americanos. Consequentemente, a manutenção de um poder económico e militar robusto tornou-se uma prioridade para os EUA, motivando-os a reforçar o seu domínio à escala global. O objetivo desta estratégia era proteger os seus interesses económicos e estratégicos em todo o mundo. Neste contexto, a ascensão do comunismo, em particular a crescente influência da União Soviética, era vista como um desafio direto à hegemonia americana. A expansão do comunismo representava não só uma ameaça ideológica, mas também um potencial obstáculo à expansão económica e ao acesso a mercados e recursos. Para contrariar esta ameaça, os Estados Unidos adoptaram uma política de contenção, destinada a limitar a propagação do comunismo e a preservar a sua influência e domínio à escala mundial. Esta abordagem moldou em grande medida a reação dos Estados Unidos à União Soviética e definiu o seu papel na ordem internacional durante a Guerra Fria. Conduziu a uma série de decisões políticas, económicas e militares, algumas das quais tiveram um impacto profundo e duradouro na estrutura das relações internacionais e no panorama geopolítico mundial.

A Doutrina Truman[modifier | modifier le wikicode]

A Doutrina Truman, anunciada pelo Presidente Harry S. Truman em 12 de março de 1947, marcou uma importante viragem na política externa dos Estados Unidos. A doutrina estipulava que os Estados Unidos prestariam apoio político, militar e económico a todos os países ameaçados pelo comunismo ou pelo totalitarismo. O objetivo era duplo: conter a propagação do comunismo e promover a democracia e o capitalismo. A doutrina foi formulada em resposta à ascensão da União Soviética, que tinha estendido a sua influência à Europa Oriental e era vista como uma ameaça direta aos ideais democráticos e capitalistas do Ocidente. A Doutrina Truman representou, portanto, uma resposta firme à expansão soviética, enviando um sinal claro de que os Estados Unidos estavam preparados para se empenharem ativamente na defesa e promoção dos seus interesses e valores à escala global. Esta doutrina marcou uma rutura significativa com a anterior política externa isolacionista dos Estados Unidos. Lançou as bases para o envolvimento americano na Guerra Fria, indicando que os Estados Unidos estavam preparados para intervir, incluindo militarmente, para travar a influência soviética e manter a sua posição dominante na cena mundial. A Doutrina Truman tornou-se assim um elemento central da estratégia de contenção que caracterizou a política externa americana durante várias décadas.

A Doutrina Truman e a política de contenção de George Kennan estavam intimamente ligadas e complementavam-se no contexto da Guerra Fria. George Kennan, diplomata e perito em assuntos soviéticos, desempenhou um papel crucial na formulação da política de contenção. No seu famoso "Long Telegram" e, mais tarde, no seu artigo publicado sob o pseudónimo "X", Kennan argumentou que a União Soviética era inerentemente expansionista e que a sua expansão tinha de ser contida. Na sua opinião, os Estados Unidos tinham de adotar uma estratégia a longo prazo para impedir a propagação do comunismo, opondo-se à influência soviética onde quer que esta ameaçasse espalhar-se. A Doutrina Truman fazia parte desta estratégia de contenção. Anunciada em resposta às crises na Grécia e na Turquia, comprometeu os Estados Unidos a apoiar as nações ameaçadas pelo comunismo ou pelo totalitarismo, não apenas com palavras, mas também com acções concretas, incluindo apoio militar e económico. Assim, a política de contenção de Kennan forneceu o enquadramento teórico e estratégico, enquanto a Doutrina Truman traduziu esse enquadramento numa política ativa e prática. Em conjunto, formaram os pilares da estratégia americana durante a Guerra Fria, orientando os Estados Unidos nos seus esforços para manter a sua hegemonia, contrariar a influência soviética e proteger os seus interesses em todo o mundo.

Uma comparação entre a política de contenção da Guerra Fria e a Doutrina Monroe evidencia tanto semelhanças como diferenças significativas. Ambas tinham como principal objetivo a proteção dos interesses nacionais dos Estados Unidos. A Doutrina Monroe, formulada em 1823, tinha como objetivo evitar que as potências europeias interferissem nos assuntos do hemisfério ocidental, declarando essencialmente que a América Latina e a América do Norte eram áreas de influência privilegiada para os Estados Unidos e fora dos limites da colonização europeia. Em contrapartida, a política de contenção, implementada durante a Guerra Fria, procurou proteger os interesses americanos, impedindo a propagação do comunismo a nível mundial. Ambas as políticas foram também respostas a ameaças sentidas. A Doutrina Monroe respondeu à ameaça da expansão colonial europeia, enquanto a política de contenção respondeu à ameaça do expansionismo soviético e da propagação do comunismo. No entanto, existem diferenças fundamentais entre as duas. Em primeiro lugar, o âmbito geográfico difere significativamente. A Doutrina Monroe centrava-se no hemisfério ocidental, enquanto a política de contenção tinha um âmbito global. Em segundo lugar, a natureza da ameaça era diferente. A Doutrina Monroe opunha-se principalmente a tentativas de colonização ou de interferência política europeia, ao passo que a política de contenção se opunha a uma ideologia específica, o comunismo, e à influência da União Soviética. Por último, os contextos históricos e políticos em que estas doutrinas foram formuladas são muito diferentes. A Doutrina Monroe foi formulada numa altura em que o colonialismo europeu estava a florescer e os Estados Unidos ainda eram jovens. A política de contenção, por outro lado, foi formulada no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial, num mundo marcado pela rivalidade ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética.

A política de contenção, tal como a Doutrina Monroe que a antecedeu, encarnava a crença no excepcionalismo americano, reflectindo a aspiração dos Estados Unidos a manter a sua posição dominante e a proteger os seus interesses à escala global. No entanto, a política de contenção foi adaptada às realidades específicas da era da Guerra Fria, um período marcado por uma intensa rivalidade com a União Soviética. Ao contrário da Doutrina Monroe, que visava manter as potências europeias afastadas do hemisfério ocidental, a política de contenção estendeu-se muito para além das fronteiras americanas. O seu principal objetivo era limitar a expansão da influência soviética e contrariar a propagação do comunismo. Esta política foi aplicada em várias partes do mundo, nomeadamente na Europa, onde os Estados Unidos procuraram reforçar e proteger os seus aliados face à ameaça soviética. A política de contenção desempenhou, portanto, um papel crucial na definição da política externa americana durante a Guerra Fria. Moldou as interacções dos EUA com a União Soviética e teve um impacto considerável na evolução da política mundial, influenciando as decisões e estratégias dos EUA durante várias décadas. Em suma, esta política constituiu uma resposta aos desafios únicos do seu tempo, dando simultaneamente continuidade à tradição de defesa dos interesses americanos a nível internacional.

A rotulagem utilizada para os pacotes de ajuda do Plano Marshall.

O Plano Marshall, oficialmente conhecido como Programa de Recuperação Europeia, continua a ser um dos exemplos mais emblemáticos da diplomacia económica e da ajuda internacional do pós-guerra. Iniciado pelo Secretário de Estado norte-americano George C. Marshall em 1948, o plano tinha vários objectivos estratégicos. Em primeiro lugar, o Plano Marshall tinha como objetivo apoiar a reconstrução das economias europeias devastadas pela Segunda Guerra Mundial. Ao fornecer uma ajuda financeira substancial, os Estados Unidos esperavam acelerar a recuperação económica e estabilizar as nações europeias. Em segundo lugar, havia um forte elemento de combate à influência comunista. Numa altura em que o comunismo ganhava terreno na Europa, sobretudo em países economicamente enfraquecidos, a ajuda americana destinava-se a oferecer uma alternativa e a impedir a propagação da ideologia comunista. Ao reforçar as economias e apoiar os governos democráticos, os EUA procuraram criar um baluarte contra o comunismo na Europa. Em terceiro lugar, o plano teve repercussões positivas para a própria economia americana. Ao ajudar a reconstruir a Europa, os EUA estavam a abrir novos mercados para as suas exportações e a reforçar os laços económicos transatlânticos. Isto foi particularmente importante no contexto do pós-guerra, em que o estímulo da procura internacional era essencial para manter o crescimento económico dos EUA. Em última análise, o Plano Marshall foi um êxito retumbante. Não só contribuiu significativamente para a recuperação económica da Europa, como também lançou as bases para a estreita cooperação transatlântica que continua até hoje. Além disso, reforçou a influência dos Estados Unidos na Europa e foi um fator-chave para a expansão económica do continente no pós-guerra. Além disso, enquanto instrumento de política externa, demonstrou a capacidade dos Estados Unidos para utilizar a ajuda económica como um meio eficaz de promover os seus interesses estratégicos à escala mundial.

National Security Act[modifier | modifier le wikicode]

A Lei de Segurança Nacional de 1947 marcou um momento decisivo na história dos Estados Unidos, nomeadamente ao moldar a resposta do país às ameaças e desafios colocados pela Guerra Fria. Esta legislação introduziu alterações significativas na estrutura e organização dos serviços de defesa e de informações dos EUA em resposta à escalada das tensões com a União Soviética. Uma das alterações mais notáveis introduzidas por esta legislação foi a criação do Conselho de Segurança Nacional (NSC). O NSC foi concebido como um órgão crucial para aconselhar o Presidente em questões de segurança nacional e de política externa. A sua criação permitiu uma melhor coordenação e integração das várias dimensões da segurança nacional, incluindo os aspectos militares, diplomáticos e de informação. O Ato também assistiu à fundação da Central Intelligence Agency (CIA). A criação da CIA representou um ponto de viragem na capacidade dos Estados Unidos para recolher, analisar e atuar em matéria de informações externas. Enquanto agência central de informações, a CIA tornou-se um ator crucial na recolha de informações sobre as actividades soviéticas e na condução de operações secretas para contrariar a influência soviética em todo o mundo. Além disso, a Lei levou à reorganização do Departamento de Guerra e do Departamento da Marinha num único Ministério da Defesa. Esta consolidação tinha por objetivo melhorar a coordenação e a eficácia das forças armadas americanas. A criação da Força Aérea como um ramo separado, juntamente com o Exército, a Marinha e o Corpo de Fuzileiros Navais, sublinhou a importância crescente do poder aéreo na estratégia militar moderna.

O envolvimento ativo da CIA em várias operações secretas durante os anos 50 e seguintes é indicativo da forma como os EUA procuraram influenciar a política mundial e conter a propagação do comunismo durante a Guerra Fria. Estas operações, frequentemente rodeadas de controvérsia, tiveram um impacto duradouro tanto nos países envolvidos como na reputação internacional dos Estados Unidos. Uma das operações mais notórias foi o golpe de Estado de 1953 no Irão, conhecido como Operação Ajax. Conduzida conjuntamente pela CIA e pelos serviços secretos britânicos, a operação tinha por objetivo derrubar o primeiro-ministro iraniano Mohammad Mossadegh, que tinha nacionalizado a indústria petrolífera do país. Embora o golpe tenha conseguido repor o Xá Mohammad Reza Pahlavi no poder, também gerou um profundo ressentimento em relação aos Estados Unidos no Irão, plantando as sementes de um futuro conflito. Em 1961, a invasão da Baía dos Porcos em Cuba, liderada por exilados cubanos apoiados pela CIA, tentou derrubar o governo de Fidel Castro. O fracasso foi uma grande humilhação para os Estados Unidos. A operação não só reforçou a posição de Castro em Cuba, como também aproximou o país da União Soviética. Outro exemplo marcante foi o derrube do governo democraticamente eleito de Salvador Allende no Chile, em 1973. A CIA desempenhou um papel importante neste golpe, uma vez que Allende era visto como um marxista e uma ameaça aos interesses americanos na região. O derrube de Allende conduziu à instalação do regime autoritário do general Augusto Pinochet, marcado por violações flagrantes dos direitos humanos. Estas operações secretas ilustram a determinação dos Estados Unidos em moldar a ordem mundial de acordo com os seus interesses durante a Guerra Fria, bem como a sua luta contra o que consideravam ser a expansão da influência soviética. Também põem em evidência as complexidades e os dilemas morais enfrentados pelos Estados Unidos, uma vez que a sua política externa estava por vezes em contradição com os princípios da democracia e dos direitos humanos que defendia.

O desenvolvimento do McCarthyismo: 1947 - 1962[modifier | modifier le wikicode]

O sentimento anti-comunista nos Estados Unidos tem raízes profundas, que remontam ao final do século XIX. Foi alimentado por uma combinação de factores políticos, económicos e ideológicos, incluindo a crescente preocupação com a emergência de movimentos socialistas e comunistas. Esta desconfiança em relação ao comunismo foi também alimentada pelo receio de que os interesses comerciais americanos pudessem ser ameaçados e por uma ideologia profundamente anti-bolchevique. Com o início da Guerra Fria, estes receios intensificaram-se. Acontecimentos como a aquisição de armas atómicas pela União Soviética e a perceção da propagação do comunismo na Europa Oriental e na Ásia exacerbaram os receios. Além disso, as suspeitas de espionagem e subversão no seio do próprio governo dos EUA levaram à criação do House Un-American Activities Committee (HUAC) em 1938. Este comité foi encarregado de investigar as actividades comunistas suspeitas e desempenhou um papel fundamental na criação de um clima de medo e suspeita. Nos anos 50, este "medo vermelho" atingiu o seu auge, em parte graças aos discursos sensacionalistas do senador Joseph McCarthy. Os líderes políticos americanos utilizaram habilmente o medo da subversão comunista para justificar a manutenção de políticas anticomunistas, tanto a nível nacional como internacional. Este clima de desconfiança e medo teve um profundo impacto na sociedade americana, moldando a política, a cultura e as relações internacionais do país durante décadas.

O McCarthyismo foi um período de intensa suspeita e repressão anticomunista nos Estados Unidos durante a década de 1950, liderado principalmente pelo senador Joseph McCarthy. Esta época foi marcada por frequentes acusações de subversão política e espionagem, muitas vezes feitas sem provas tangíveis. Estas acusações levaram à inclusão de indivíduos na lista negra de muitos sectores, incluindo a indústria do entretenimento. O termo "McCarthyismo" tornou-se sinónimo de uma caça às bruxas política, caracterizada por acusações infundadas e repressão injusta.

McCarthy conversa com Roy Cohn (à direita) nas audiências Army-McCarthy.

O termo "McCarthyismo" é frequentemente utilizado para descrever o período de intensa histeria anticomunista nos Estados Unidos, simbolizado pelas acções do Senador Joseph McCarthy. McCarthy liderou esta campanha anti-comunista, fazendo acusações que eram frequentemente desprovidas de provas e arruinando as carreiras e a reputação de muitas pessoas inocentes. Este período foi motivado por um medo profundo de uma possível infiltração comunista na sociedade americana, bem como pela perceção da ameaça da União Soviética. Estes receios alimentaram uma atmosfera de suspeita e perseguição generalizada, marcando profundamente a sociedade e a política americanas da época.

O pós-guerra foi um período de profunda transformação, tanto para os Estados Unidos como para o mundo em geral. O fim da Segunda Guerra Mundial assistiu à emergência da União Soviética como superpotência mundial, uma realidade que preocupou profundamente o Presidente Harry S. Truman e a sua administração. Nos Estados Unidos, a instabilidade económica, as greves frequentes e o aumento do número de membros do Partido Comunista da América exacerbaram estas preocupações. Neste contexto de agitação social e incerteza, o receio da propagação do comunismo em solo americano era omnipresente. Truman e a sua administração encaravam o comunismo não só como uma ameaça ideológica, mas também como uma ameaça real à segurança nacional e mundial. Esta preocupação levou à introdução de políticas e medidas destinadas a contrariar a influência e a expansão comunistas. A Doutrina Truman, articulada em 1947, é um exemplo notável. Esta política externa visava conter a propagação do comunismo através do apoio económico e militar aos países ameaçados por movimentos comunistas. Simbolizava o empenhamento dos Estados Unidos na oposição à expansão soviética e na promoção da democracia em todo o mundo. A criação do Conselho de Segurança Nacional (CSN) pelo Presidente Truman também desempenhou um papel crucial na consolidação dos esforços dos EUA para combater o comunismo. O NSC tornou-se um importante instrumento de coordenação das políticas de segurança nacional e das estratégias de defesa, reflectindo a importância crescente atribuída às questões de segurança no contexto da Guerra Fria. Sob a liderança de Truman, os Estados Unidos tomaram medidas decisivas para proteger os seus interesses e combater a propagação do comunismo. Estas acções tiveram um impacto considerável na definição da política externa americana e desempenharam um papel decisivo na configuração da dinâmica da Guerra Fria. O período do pós-guerra, marcado por estes desenvolvimentos, moldou assim o curso da história mundial e lançou as bases para as décadas de rivalidade e confronto que caracterizaram a Guerra Fria.

As preocupações de Truman com a lealdade dos funcionários do governo federal foram fortemente influenciadas pela crescente influência do comunismo, tanto a nível interno como internacional. Estas preocupações foram exacerbadas por acontecimentos importantes, como a vitória comunista na China de Mao Tse-tung. Estes acontecimentos reforçaram a perceção de uma ameaça comunista iminente e levaram Truman a agir para proteger as instituições governamentais dos EUA. Em resposta a estes receios, Truman introduziu programas de fidelidade e processos de controlo exaustivos para os funcionários públicos. Estas medidas foram concebidas para identificar e eliminar qualquer potencial influência ou simpatia comunista no seio do governo. Esta atmosfera de suspeita generalizada contribuiu também para o aparecimento do McCarthyism, um movimento caracterizado por acusações frequentemente infundadas de comunismo e campanhas de difamação contra indivíduos alegadamente desleais. O "medo vermelho", um período de intensa histeria anti-comunista, também se enraizou neste contexto, afectando profundamente a política e a sociedade americanas. Neste período, muitas pessoas, incluindo artistas, académicos e funcionários públicos, foram falsamente acusadas de simpatias comunistas, muitas vezes com poucas ou nenhumas provas, restringindo a liberdade de expressão e semeando a desconfiança na sociedade americana. A abordagem de Truman à ameaça comunista e os seus esforços para garantir a lealdade dos funcionários federais tiveram consequências duradouras, moldando não só a política da época, mas também a história cultural e social dos Estados Unidos durante a Guerra Fria.

A era do McCarthyismo, iniciada em grande parte pelo senador Joseph McCarthy, deu origem a um período de grande medo e suspeita nos Estados Unidos. As acusações de McCarthy, muitas vezes infundadas ou baseadas em provas duvidosas, desencadearam uma verdadeira caça às bruxas, visando sobretudo os suspeitos de serem comunistas ou simpatizantes do comunismo. Durante este período, muitas pessoas foram colocadas numa lista negra, despedidas dos seus empregos e algumas foram mesmo presas. Estas acções não se limitaram ao governo; as organizações privadas também participaram nestas investigações intrusivas, examinando as crenças e associações políticas dos indivíduos. Esta intromissão na vida privada causou sérios danos a muitas carreiras e perturbou a vida pessoal das pessoas envolvidas. O impacto do McCarthyismo nas liberdades civis foi profundo. As liberdades de expressão e de associação, princípios fundamentais da democracia americana, ficaram seriamente comprometidas. O período também incutiu um sentimento geral de paranoia, pois as pessoas temiam ser falsamente acusadas ou associadas a actividades consideradas subversivas. O McCarthyismo deixou uma marca duradoura na sociedade americana, servindo como um exemplo clássico de como o medo e a suspeita podem minar os princípios da justiça e da liberdade. Apesar do fim deste período, as lições do McCarthismo continuam a influenciar os debates e as políticas em torno das liberdades civis e da segurança nacional nos Estados Unidos.

A atmosfera de medo e desconfiança em relação ao comunismo nos Estados Unidos durante a Guerra Fria levou a uma série de medidas governamentais destinadas a detetar e combater o que era visto como uma ameaça interna. Uma dessas medidas foi a Lei de Controlo das Actividades Subversivas, mais conhecida por Lei McCarran, aprovada em 1950. Esta lei obrigava as organizações comunistas a registarem-se junto do governo federal, o que era visto como um meio de limitar e controlar as actividades comunistas. Ao mesmo tempo, o House Un-American Activities Committee (HUAC) desempenhou um papel importante na investigação de alegadas infiltrações comunistas em vários sectores, incluindo o governo federal. A HUAC tornou-se famosa pelas suas audiências públicas, nas quais os indivíduos eram questionados sobre as suas filiações e convicções políticas e, muitas vezes, obrigados a dar o nome de outras pessoas suspeitas de actividades comunistas. As consequências destas medidas foram de grande alcance e muitas vezes destrutivas. Muitas pessoas foram sujeitas a uma censura generalizada e privadas dos seus empregos, tendo as suas liberdades civis sido severamente restringidas. O medo de ser rotulado de "comunista" ou "simpatizante do comunismo" era omnipresente e as acusações podiam arruinar carreiras e vidas, por vezes com base em provas muito limitadas ou mesmo inexistentes. Este período da história americana é uma recordação pungente de como o medo do inimigo interno pode conduzir a abusos dos direitos fundamentais e a uma atmosfera de suspeita generalizada. As acções levadas a cabo sob o pretexto da segurança nacional tiveram repercussões duradouras nas liberdades individuais e no tecido democrático dos Estados Unidos.

O período do McCarthismo nos Estados Unidos foi marcado por uma intensa suspeição e por medidas severas contra os suspeitos de serem comunistas ou de terem ligações com o comunismo. Estes indivíduos encontravam-se sob intenso controlo e as consequências de tais acusações eram frequentemente graves. Os indivíduos podiam perder os seus empregos, ver negadas oportunidades profissionais, ver os seus passaportes apreendidos e, nalguns casos extremos, enfrentar a deportação. A Lei de Segurança Interna, também conhecida como Lei McCarran, reforçou esta caça às bruxas ao tornar ilegal a contribuição para o estabelecimento de uma ditadura totalitária. A lei também obrigava os membros de organizações comunistas a registarem-se junto do governo federal. O objetivo deste requisito era monitorizar e controlar as actividades dos grupos comunistas, mas também foi visto como uma violação das liberdades civis e uma forma de discriminação ideológica. O impacto destas medidas nas pessoas envolvidas foi profundo. Muitos viram as suas vidas e carreiras viradas do avesso, simplesmente devido às suas convicções políticas ou à sua suposta associação ao comunismo. O medo e a desconfiança gerados por este período deixaram uma marca indelével na sociedade americana, evidenciando as tensões entre a segurança nacional e a proteção das liberdades individuais.

A Guerra da Coreia foi um ponto de viragem na história da Guerra Fria, com um confronto direto entre as forças apoiadas pelos Estados Unidos e as apoiadas pelas potências comunistas. O conflito teve início em 1950, quando a Coreia do Norte, apoiada pela China e pela União Soviética, invadiu a Coreia do Sul. Em resposta, os Estados Unidos, sob a liderança do Presidente Harry S. Truman, tomaram a decisão crucial de intervir militarmente em apoio da Coreia do Sul, marcando a primeira vez que os Estados Unidos se envolveram diretamente num conflito contra as forças comunistas durante a Guerra Fria. A intervenção americana foi possível, em parte, devido à ausência da União Soviética no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A URSS tinha boicotado o Conselho em protesto contra a recusa de conceder à China comunista um lugar permanente, deixando o caminho livre para os Estados Unidos obterem um mandato da ONU para intervir na Coreia. O conflito na Coreia foi intenso e devastador. Terminou finalmente em 1953 com a assinatura de um acordo de cessar-fogo, mas sem um verdadeiro tratado de paz. O acordo levou à criação de uma zona desmilitarizada (DMZ) entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, que continua a ser uma das fronteiras mais militarizadas do mundo atual. A Guerra da Coreia teve consequências de grande alcance, não só para a península coreana, mas também para a dinâmica da Guerra Fria, reforçando a política de contenção dos Estados Unidos e demonstrando a sua vontade de intervir militarmente para contrariar a propagação do comunismo.

Ethel e Julius Rosenberg.

O caso dos Rosenberg é um dos mais controversos e polarizadores da história jurídica americana, em especial durante o período do McCarthyismo. Julius e Ethel Rosenberg foram presos em 1950 e acusados de conspiração para cometer espionagem, incluindo a alegada transmissão de informações sobre a bomba atómica à União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1951, foram considerados culpados e condenados à morte, uma sentença excecionalmente dura, mesmo numa época de histeria anticomunista. Apesar dos protestos internacionais e dos apelos à clemência, alegando que as provas contra eles eram insuficientes e se baseavam em grande parte em testemunhos circunstanciais, os Rosenberg foram executados na cadeira eléctrica em junho de 1953. O caso gerou um intenso debate e continua a ser um assunto controverso. Alguns vêem-no como um exemplo trágico de justiça distorcida pelo medo anticomunista, enquanto outros acreditam que as provas, embora talvez insuficientes para uma sentença de morte, apontavam para o envolvimento em actividades de espionagem. Ao longo do tempo, documentos desclassificados e confissões subsequentes de indivíduos ligados ao caso forneceram novas informações, mas as opiniões sobre a culpa ou inocência dos Rosenberg continuam divididas.

A eleição de Dwight D. Eisenhower para a presidência em 1953 coincidiu com um período de firmeza anti-comunista na política americana, em parte devido à influência e ascensão do McCarthyismo. Eisenhower, embora mais moderado na sua abordagem do que alguns dos seus contemporâneos, aderiu no entanto à doutrina dominante da Guerra Fria que colocava a luta contra o comunismo no centro da política externa e interna dos EUA. Richard Nixon, enquanto Vice-Presidente de Eisenhower, desempenhou um papel significativo na promoção da posição anti-comunista. Mesmo antes de se tornar Vice-Presidente, Nixon tinha-se tornado conhecido como membro do Congresso pelo seu papel no julgamento de casos de espionagem, nomeadamente o caso Alger Hiss. Continuou a adotar uma posição forte contra o comunismo ao longo da sua carreira política. Durante a administração Eisenhower, houve um esforço concertado para conter a influência do comunismo, não só nos Estados Unidos mas em todo o mundo. Este esforço manifestou-se através do apoio a regimes anticomunistas, do envolvimento em conflitos da Guerra Fria no estrangeiro e de uma retórica política que via o comunismo como uma ameaça global à liberdade e à democracia. É de salientar que, embora Eisenhower não tenha apoiado diretamente os métodos e os excessos de McCarthy, também não se opôs abertamente a ele durante a maior parte do seu mandato. A presidência de Eisenhower, embora menos demonstrativa do que alguns aspectos do McCarthyismo, teve lugar numa altura em que o medo e a desconfiança em relação ao comunismo permeavam profundamente a política e a sociedade americanas.

A inclusão das palavras "under God" no Juramento de Fidelidade dos Estados Unidos, em 1954, é um exemplo de como o anticomunismo se impregnou na cultura americana. A mudança tinha como objetivo reforçar a identidade nacional em oposição ao comunismo ateu promovido pela União Soviética. Foi adoptada no auge da Guerra Fria e do McCarthyismo, reflectindo o desejo de distinguir claramente a ideologia e os valores americanos dos do comunismo. Quanto à legislação anticomunista, a votação no Congresso corresponde à Lei de Segurança Interna de 1950, também conhecida como Lei McCarran. Esta lei obrigava os membros de organizações comunistas a registarem-se junto do governo e autorizava a criação de campos de detenção para suspeitos em caso de emergência nacional. Embora o Presidente Truman tenha vetado a legislação por considerar que constituía uma violação das liberdades constitucionais, o seu veto foi anulado pelo Congresso. Em 1954, foi aprovada a Lei de Controlo das Actividades Comunistas (também conhecida como Lei da Comunidade Internacional), reforçando ainda mais a legislação anticomunista. A lei tornava ilegal a criação ou o apoio ao estabelecimento de uma ditadura totalitária nos Estados Unidos e exigia que os membros das organizações comunistas se registassem junto do governo. A lei criminalizava a filiação no Partido Comunista e foi utilizada para justificar a vigilância e a repressão de indivíduos e organizações suspeitos de simpatia comunista. Estas medidas, adoptadas num clima de medo e desconfiança, tiveram um impacto profundo na sociedade americana, restringindo as liberdades civis e alimentando uma atmosfera de paranoia e repressão. A ênfase na lealdade, muitas vezes sem possibilidade de defesa ou recurso, teve consequências devastadoras para muitas pessoas acusadas de serem comunistas ou simplesmente suspeitas de o serem.

Durante o período do McCarthyism e do Red Scare, as protecções legais e os direitos dos acusados foram muitas vezes postos de lado ou ativamente ignorados. O medo sempre presente da subversão comunista justificava, aos olhos de muitos, a adoção de medidas extremas para proteger a nação. Os julgamentos injustos eram comuns, com muitas pessoas acusadas de serem comunistas ou simpatizantes do comunismo a serem julgadas com base em provas circunstanciais ou testemunhos duvidosos. Fora dos tribunais, a mera acusação ou suspeita podia levar à inclusão em listas negras, sobretudo em sectores como o cinema, a rádio e a televisão, arruinando carreiras muitas vezes sem provas concretas ou a oportunidade de se defenderem. Os princípios de um processo justo, essenciais para um tratamento equitativo no sistema jurídico, eram frequentemente negligenciados. Os arguidos eram frequentemente considerados culpados até prova em contrário, invertendo a presunção de inocência. A pressão social e política da época obrigava os juízes, os políticos e os empregadores a tomarem medidas contra as pessoas suspeitas de ligações comunistas. A falta de ação contra os "suspeitos de comunismo" podia ser interpretada como um sinal de simpatia comunista. A crescente vigilância e infiltração de grupos suspeitos de serem comunistas por parte de agências governamentais, nomeadamente o FBI sob a direção de J. Edgar Hoover, ocorreu frequentemente sem os devidos mandatos ou com uma justificação legal questionável. Por último, o medo de ser acusado de comunismo levou muitas pessoas a censurarem-se ou a evitarem qualquer associação com causas ou pessoas consideradas suspeitas, criando um clima de opressão e conformidade. O período do McCarthyismo continua a ser um capítulo negro da história americana, ilustrando as consequências desastrosas que podem ocorrer quando o medo e a suspeita se sobrepõem aos princípios fundamentais da justiça e dos direitos civis.

O caso do exército americano marcou um ponto de viragem crucial na campanha anti-comunista de Joseph McCarthy. Em 1954, McCarthy, que já tinha ganho notoriedade pelas suas acusações frequentemente infundadas de comunismo, visou o exército americano, alegando que este estava infiltrado por comunistas. Esta atitude foi vista como um passo demasiado longe por muitos, incluindo aqueles que anteriormente tinham apoiado ou tolerado as suas acções. As audiências televisivas que se seguiram, conhecidas como as audiências do Exército e de McCarthy, deram a um vasto público uma visão em primeira mão dos métodos de McCarthy. Os telespectadores viram a sua abordagem agressiva, as suas acusações sem fundamento e as suas tácticas de intimidação. Esta exposição mediática desempenhou um papel crucial na alteração da perceção pública de McCarthy. Um dos momentos mais memoráveis destas audiências ocorreu quando Joseph N. Welch, o advogado do exército, confrontou McCarthy com a sua famosa pergunta: "Não tem, senhor, qualquer sentido de decência?" Esta interpelação teve eco junto do público americano e simbolizou a crescente rejeição da campanha de medo e de acusações infundadas de McCarthy. Em última análise, as audiências do Exército e de McCarthy afectaram significativamente o apoio político e público a McCarthy. Em dezembro de 1954, o Senado dos EUA votou a censura a McCarthy, uma ação que marcou a sua queda política e o declínio da sua influência. Embora o McCarthismo como movimento tenha persistido durante algum tempo depois de McCarthy, este período marcou o início do fim da sua influência na política e na sociedade americanas.

Os meados da década de 1950 foram um período de intensificação da concorrência e da tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética, reflectindo a complexa dinâmica da Guerra Fria. Em 1955, a União Soviética, já considerada uma superpotência em expansão, deu um grande passo em frente ao testar com êxito a sua primeira bomba de hidrogénio. Este êxito pôs em evidência as crescentes capacidades nucleares da URSS, exacerbando os receios e as preocupações dos Estados Unidos e de outros países ocidentais. A criação do Pacto de Varsóvia pela União Soviética, nesse mesmo ano, surgiu como resposta à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), formada pelos Estados Unidos e seus aliados em 1949. O Pacto de Varsóvia era uma aliança militar constituída pela URSS e por vários países da Europa de Leste, e a sua criação reforçou a divisão política e militar da Europa em blocos orientais e ocidentais. O lançamento do satélite Sputnik pela União Soviética em 1957 marcou outro momento crucial da Guerra Fria. Este sucesso tecnológico não só demonstrou os avanços científicos da URSS, como também suscitou preocupações nos Estados Unidos sobre um possível "fosso de mísseis" entre as duas superpotências. O lançamento do Sputnik teve um grande impacto psicológico, levando os EUA a acelerar os seus próprios programas espaciais e de defesa. Neste contexto de rivalidade acrescida e de perceção de ameaça, as acções da União Soviética reforçaram a justificação para a política da administração Truman de avaliar a lealdade e tomar medidas anticomunistas nos Estados Unidos. O receio da influência soviética e da propagação do comunismo alimentou uma atmosfera de desconfiança e suspeita, influenciando a política interna e externa dos EUA durante este período tenso da Guerra Fria.

A sociedade americana da abundância[modifier | modifier le wikicode]

O período do pós-guerra nos Estados Unidos, particularmente nas décadas de 1950 e 1960, apresenta um contraste fascinante entre medo e prosperidade. Por um lado, a Guerra Fria e a perceção da ameaça de agressão soviética criaram um clima de desconfiança e ansiedade. A corrida aos armamentos e o receio de um ataque nuclear eram omnipresentes e o governo dos EUA respondeu com uma vigilância e um controlo acrescidos sobre a população, sobretudo na luta contra o comunismo. Ao mesmo tempo, este período assistiu a um boom económico sem precedentes. Após as privações da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos registaram um crescimento económico maciço, alimentado em parte pela procura reprimida de bens de consumo. Esta prosperidade económica conduziu a um aumento significativo do nível de vida de muitos americanos, caracterizado pelo crescimento dos subúrbios e pela disponibilidade de automóveis, electrodomésticos e outros bens de consumo. A nível social e cultural, os anos do pós-guerra foram também marcados por mudanças significativas. O movimento dos direitos civis ganhou força, lutando contra a segregação e a discriminação racial e procurando obter direitos iguais para os afro-americanos. Surgiram figuras emblemáticas como Martin Luther King Jr., simbolizando a luta pela justiça e pela igualdade. O surgimento dos subúrbios também remodelou a paisagem americana. O aumento da propriedade fundiária e a construção maciça de casas contribuíram para uma nova forma de vida americana, centrada na família, na comunidade e num estilo de vida mais confortável e acessível.

Este fenómeno é recorrente ao longo da história. Quando ocorrem crises económicas, sociais ou políticas, os governos e as sociedades tendem frequentemente a procurar bodes expiatórios para canalizar a frustração e a raiva das pessoas. Esta tática implica geralmente a designação de um inimigo interno ou externo, muitas vezes uma minoria ou um grupo ideológico, que é responsabilizado pelas dificuldades encontradas. Esta tática pode servir vários objectivos. Em primeiro lugar, pode desviar a atenção dos verdadeiros problemas sistémicos ou das falhas do governo, concentrando a atenção do público num inimigo designado. Em segundo lugar, pode reforçar a autoridade do governo, especialmente se este se apresentar como o protetor contra a ameaça identificada. Por último, a presença de um inimigo comum pode servir para unir diferentes facções no seio de uma sociedade, criando um sentimento de unidade contra uma ameaça sentida. No entanto, a utilização de bodes expiatórios tem frequentemente consequências negativas. Em primeiro lugar, o bode expiatório pode conduzir a violações dos direitos humanos, à discriminação e à perseguição de grupos inocentes. Em segundo lugar, em vez de resolver problemas, esta abordagem pode criar ou exacerbar divisões sociais e políticas. Por último, ao concentrar-se num inimigo fabricado, os verdadeiros problemas estruturais e sistémicos ficam muitas vezes por resolver. A história oferece muitos exemplos em que esta dinâmica se manifestou, desde a perseguição de minorias religiosas e étnicas até às campanhas contra os "inimigos do Estado" em vários regimes autoritários. Reconhecer e compreender esta tendência é crucial se quisermos evitar repetir os erros do passado e trabalhar no sentido de construir sociedades mais justas e inclusivas.

Causas e características[modifier | modifier le wikicode]

A Idade de Ouro do Capitalismo, que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, marcou um período de prosperidade excecional para os Estados Unidos. Foi uma época de rápido crescimento económico, impulsionado pela inovação tecnológica, pelo aumento da produtividade e pela forte procura de bens de consumo. O mercado de trabalho era robusto, com taxas de desemprego notavelmente baixas, permitindo à maioria das pessoas em idade ativa encontrar um emprego com pouca dificuldade. Paralelamente a este crescimento económico, o nível de vida dos americanos melhorou consideravelmente. O aumento dos rendimentos levou a um aumento do consumo de bens como casas, automóveis e electrodomésticos. Neste período, assistiu-se também a uma expansão significativa da classe média, com muitas famílias a atingirem um nível de vida confortável. Além disso, o desenvolvimento de infra-estruturas, incluindo auto-estradas e subúrbios, estimulou o crescimento económico e facilitou um estilo de vida centrado no automóvel. O governo tem desempenhado um papel fundamental na estabilização da economia através de políticas fiscais e monetárias sólidas, bem como de programas sociais. A nível internacional, a posição dos Estados Unidos como líder económico mundial foi reforçada pela ajuda externa, como o Plano Marshall, e pela participação em instituições internacionais que promoviam o comércio. Embora este período tenha sido de notável prosperidade, não deixou de ter os seus defeitos. As comunidades, em particular as minorias raciais, não beneficiaram igualmente desta prosperidade, revelando disparidades económicas e sociais persistentes. Apesar destes problemas, a Era Dourada do Capitalismo continua a ser um período emblemático de crescimento económico e prosperidade sem precedentes na história dos Estados Unidos.

No período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, apesar da prosperidade económica e do boom do consumo, alguns americanos mantiveram-se cautelosos, ou mesmo cépticos. Muitos receavam o início de uma recessão que fizesse lembrar as dificuldades da Grande Depressão. Esta cautela ficou enraizada na memória colectiva, influenciando o comportamento económico e as atitudes em relação à estabilidade financeira. Ao mesmo tempo, o anticomunismo tornou-se um pilar central da sociedade americana, moldando a política interna e externa. Este medo do comunismo serviu de força unificadora da nação, justificando as intervenções militares dos EUA no estrangeiro e apoiando os objectivos da política externa do país. O sentimento anticomunista também desempenhou um papel na manutenção da estabilidade social, proporcionando à sociedade americana um inimigo comum e canalizando as ansiedades internas para um objetivo externo. No entanto, este período não foi isento de controvérsia. O envolvimento militar dos Estados Unidos em conflitos internacionais, em particular na Guerra do Vietname, começou a suscitar uma oposição pública significativa. À medida que a realidade da guerra se tornava mais evidente, nomeadamente através dos relatos dos meios de comunicação social e das imagens de choque, o sentimento anti-guerra ganhou força. Cada vez mais americanos questionavam os custos humanos e financeiros destas intervenções, bem como os motivos subjacentes ao envolvimento dos EUA nestes conflitos longínquos. Este facto conduziu a um debate nacional sobre a política externa e a responsabilidade dos EUA na cena mundial, um debate que moldou significativamente a história e a política americanas durante este período.

O boom económico do pós-Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos, por vezes referido como a "idade de ouro do capitalismo", foi uma época de crescimento e prosperidade sem precedentes. Este boom foi sustentado por várias indústrias-chave que se expandiram rapidamente durante este período.

As indústrias da construção e automóvel desempenharam um papel fundamental. A procura de novas habitações, especialmente nos subúrbios em rápida expansão, levou a um boom no sector da construção. Este boom foi alimentado por uma combinação de factores, incluindo um acesso mais fácil ao crédito e um desejo crescente de uma vida familiar confortável e estável após os anos de guerra. A indústria automóvel também conheceu um crescimento espetacular. A cultura automóvel americana, com o aumento da suburbanização e a melhoria das redes rodoviárias, conduziu a um aumento significativo da procura de automóveis. Este facto estimulou não só a própria indústria automóvel, mas também as indústrias conexas, como a produção de petróleo e a manutenção de veículos. A indústria do armamento foi também um importante motor da economia. A Guerra Fria e a política de contenção da União Soviética conduziram a um aumento significativo das despesas militares. Esta expansão da indústria de armamento não só estimulou a produção industrial, como também criou muitos postos de trabalho. O governo desempenhou um papel crucial neste crescimento económico. Estimulou a economia através de despesas públicas significativas e do investimento em projectos de infra-estruturas, como as auto-estradas, que apoiaram o crescimento económico e criaram postos de trabalho. Estes investimentos não só estimularam diretamente a economia, como também facilitaram o crescimento das empresas e melhoraram a qualidade de vida dos americanos.

O período de prosperidade económica que se seguiu à Segunda Guerra Mundial beneficiou muitos americanos, em especial os da classe média. O aumento dos salários e o crescimento económico geral deram a muitas pessoas acesso a um nível de vida mais elevado e a uma maior segurança económica. Foi uma época em que o sonho americano parecia estar ao alcance de muitos, caracterizado pela compra de casas nos subúrbios, maior acessibilidade aos automóveis e melhores condições de vida. No entanto, apesar desta aparente prosperidade, existiam desigualdades profundas e persistentes. Os grupos minoritários, em especial os afro-americanos e outras comunidades de cor, enfrentavam barreiras sistémicas significativas. As práticas discriminatórias, como a segregação racial e o redlining (discriminação nos serviços bancários e de seguros), limitaram o acesso destes grupos a oportunidades económicas, a uma educação de qualidade e a uma habitação condigna. Além disso, as disparidades salariais e o acesso limitado a empregos bem remunerados mantiveram muitas famílias de cor num estado de pobreza ou de insegurança económica. Do mesmo modo, embora as condições económicas tenham melhorado para muitos, a pobreza continua a ser um problema significativo nos Estados Unidos. As zonas rurais e algumas zonas urbanas foram particularmente afectadas, com elevadas taxas de pobreza e más condições de vida. Este período evidencia, portanto, um paradoxo: embora tenha sido marcado por um crescimento e uma riqueza sem precedentes para muitos, também evidenciou profundas desigualdades estruturais e desafios persistentes relacionados com a pobreza e a discriminação. Este facto lançou as bases dos movimentos sociais e das reformas políticas nas décadas seguintes, à medida que o país procurava responder a estes desafios e criar uma sociedade mais equitativa e inclusiva.

Taxa de natalidade dos Estados Unidos (nascimentos por 1000 habitantes).[8]O United States Census Bureau define o boom demográfico de nascimentos como o período entre 1946 e 1964[9] (vermelho).

O baby boom do pós-guerra é um dos períodos demográficos mais significativos da história americana. Teve lugar num contexto em que os veteranos regressavam da frente de batalha para reconstruir as suas vidas e constituir família. O sentimento de otimismo e de prosperidade económica que prevaleceu na época desempenhou um papel crucial neste aumento significativo da taxa de natalidade. Entre 1945 e 1961, os Estados Unidos registaram uma explosão demográfica com o nascimento de 63,5 milhões de crianças, transformando a estrutura da população americana. Em 1960, a população dos EUA tinha atingido quase 189 milhões de habitantes, reflectindo não só os efeitos do baby boom, mas também a imigração e outros factores demográficos. Este aumento da população teve profundas implicações para a sociedade americana. Levou a um aumento da procura de habitação, ao crescimento dos subúrbios e a uma expansão da educação e de outros serviços públicos para satisfazer as necessidades desta geração em crescimento. O baby boom também moldou as tendências culturais, económicas e políticas das décadas seguintes, uma vez que este grande grupo de indivíduos influenciou gradualmente todos os aspectos da sociedade americana.

O período imediatamente a seguir à Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos assistiu ao aparecimento do baby boom, um fenómeno que afectou profundamente a sociedade americana. O baby boom refere-se ao aumento dramático da taxa de natalidade entre 1945 e 1961, período em que os veteranos regressavam a casa e constituíam família. Este surto demográfico levou a um rápido aumento da população, com repercussões duradouras e variadas. Este grande grupo de jovens cresceu e atingiu a idade adulta durante um período de grande agitação, marcado por importantes movimentos sociais como os direitos civis, o feminismo e os protestos contra a guerra do Vietname. Os baby boomers desempenharam um papel fundamental nestes movimentos, contribuindo para mudanças significativas nas normas sociais e culturais. Não só moldaram a agenda social, como também influenciaram a cultura popular, tornando-se uma força motriz da música, da arte e das tendências da moda. Em termos económicos, o baby boom criou um mercado de consumo maciço e estável, que teve um impacto positivo na prosperidade económica. As empresas responderam adaptando os seus produtos e estratégias de marketing para satisfazer as necessidades desta geração dinâmica. No entanto, o "baby boom" também exerceu pressão sobre as infra-estruturas. A explosão demográfica exigiu uma expansão das escolas, da habitação e de outros serviços, o que levou a uma rápida urbanização e ao crescimento dos subúrbios. Atualmente, à medida que os baby boomers envelhecem, continuam a influenciar a sociedade. A sua transição para a reforma tem implicações importantes para os sistemas de saúde, de pensões e de apoio social, dado o número crescente de pessoas idosas em relação à população ativa. Assim, o baby boom, para além do seu impacto imediato no pós-guerra, continua a moldar a sociedade americana de muitas formas.

O baby boom do pós-guerra não foi exclusivo dos Estados Unidos. Muitos países registaram aumentos significativos nas taxas de natalidade após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nos Estados Unidos, porém, a duração do baby boom foi notável, estendendo-se até à década de 1960. Este período prolongado de aumento das taxas de natalidade deixou uma marca indelével em vários aspectos da sociedade americana, nomeadamente no sector da construção. A elevada procura de novas habitações, escolas e infra-estruturas levou a uma expansão maciça das zonas suburbanas, caracterizadas por casas isoladas que se tornaram emblemáticas do sonho americano. Nesta época, surgiram vastos bairros residenciais, oferecendo às famílias um ambiente considerado mais ideal e propício ao desenvolvimento familiar. Além disso, este crescimento demográfico estimulou a construção de novas fábricas, a criação de supermercados e o desenvolvimento de aeroportos para responder às necessidades de uma população cada vez maior. Estes projectos de grande envergadura não só criaram numerosas oportunidades de emprego, como também funcionaram como catalisadores da economia americana. A tendência para a suburbanização intensificou-se durante este período, marcando um êxodo dos centros das cidades para os subúrbios. Esta migração provocou mudanças significativas na paisagem americana, transformando não só o ambiente físico, mas também o tecido social e cultural do país. Os subúrbios tornaram-se o símbolo de um estilo de vida que aspira a uma maior tranquilidade, segurança e conforto, reflectindo os valores e aspirações da sociedade americana do pós-guerra.

O crescimento dos subúrbios e o baby boom do pós-guerra nos Estados Unidos conduziram a um aumento dramático da posse de automóveis. Com a expansão das comunidades suburbanas, muitas vezes concebidas em torno da utilização do automóvel, as pessoas viram-se na necessidade de um meio de transporte fiável para se deslocarem nestas novas áreas residenciais em expansão. A expansão urbana e o estilo de vida suburbano tornaram o automóvel não só um meio de transporte prático, mas também um símbolo de independência e estatuto social. O automóvel tornou-se essencial para ir para o trabalho, fazer recados e transportar as famílias nas várias actividades da vida quotidiana. Em resposta a esta procura crescente, a indústria automóvel viveu um período de prosperidade e desenvolvimento. Os fabricantes de automóveis começaram a produzir uma variedade cada vez maior de modelos, indo ao encontro dos gostos e necessidades de uma base de clientes diversificada. A produção em massa também tornou os automóveis mais acessíveis à classe média americana. Este boom da indústria automóvel teve um grande impacto económico, criando postos de trabalho e estimulando outros sectores conexos, como a produção de petróleo, a construção de estradas e a indústria de pneus. Em suma, o aumento da posse de automóveis associado ao boom suburbano desempenhou um papel fundamental na definição da paisagem social e económica dos Estados Unidos durante este período.

O automóvel foi de extrema importância para o modo de vida americano do pós-guerra, tornando-se um poderoso símbolo de liberdade, prosperidade e mobilidade. O automóvel não era apenas um meio de transporte prático, mas também um objeto de orgulho e de expressão individual. Permitia às pessoas viajar livremente, explorar novas regiões e expandir os seus horizontes, o que era particularmente relevante no contexto da prosperidade económica e do otimismo que prevaleciam na época. Simultaneamente, a crescente popularidade do automóvel implicava o desenvolvimento de infra-estruturas adequadas. As auto-estradas e as auto-estradas interestaduais foram construídas em grande escala para facilitar as deslocações de automóvel pelo país. Estes projectos de infra-estruturas não só ligaram cidades e subúrbios, como também abriram novas áreas para o desenvolvimento e o comércio. Da mesma forma, com o aumento do número de automóveis, proliferaram estruturas como parques de estacionamento, estações de serviço e centros de manutenção automóvel, que se tornaram características comuns da paisagem urbana e suburbana. Estes desenvolvimentos tiveram um impacto considerável no planeamento, na cultura e na economia dos Estados Unidos, moldando permanentemente a sociedade americana e o seu ambiente construído.

O cinema drive-in tornou-se um fenómeno cultural emblemático da sociedade automóvel do pós-guerra nos Estados Unidos. Estes estabelecimentos ofereciam uma experiência única, permitindo aos espectadores assistir a filmes no conforto e na privacidade dos seus próprios automóveis. Tornaram-se rapidamente destinos de lazer populares, sobretudo para famílias e jovens casais. A localização dos cinemas drive-in na periferia das cidades reflectia o crescimento dos subúrbios e a importância crescente do automóvel na vida quotidiana dos americanos. O acesso de carro era essencial, o que sublinhava o facto de o automóvel se ter tornado uma caraterística central da sociedade americana. Para além de proporcionarem entretenimento, os cinemas drive-in eram também locais de convívio social. Representavam um espaço onde as pessoas podiam interagir num ambiente descontraído, reforçando os laços comunitários. Além disso, a conceção e o ambiente dos cinemas drive-in, muitas vezes acompanhados de snack-bares e de outras diversões, contribuíam para uma experiência de lazer única, muito popular na época.

O período da Guerra Fria registou um aumento dramático das despesas militares dos EUA, uma escalada motivada pela intensa rivalidade com a União Soviética e pelo desejo de manter a superioridade militar. Entre 1949 e 1954, as despesas militares dos EUA quase quadruplicaram, reflectindo a ênfase no reforço do poder militar. Este aumento substancial das despesas foi o resultado de uma combinação de factores. A corrida ao armamento com a União Soviética, centrada no desenvolvimento de armamento avançado, incluindo armas nucleares, exigiu um enorme investimento. A estratégia de contenção dos Estados Unidos, destinada a impedir a propagação do comunismo, levou a compromissos militares em várias partes do mundo, incluindo a Guerra da Coreia. Além disso, como membro fundador da NATO, os Estados Unidos deram um contributo significativo para o esforço de defesa colectiva contra a ameaça soviética na Europa. Esta época foi também marcada por rápidos avanços na tecnologia militar, que exigiram investimentos significativos. Além disso, a manutenção e o melhoramento do arsenal nuclear dos EUA, como parte da estratégia de dissuasão, também exigiu recursos financeiros significativos. Este aumento das despesas militares tornou-se uma parte substancial do orçamento federal dos Estados Unidos, reflectindo a prioridade dada à segurança nacional e à posição geopolítica do país num contexto de tensões internacionais. Este fenómeno teve repercussões não só na política externa americana, mas também na economia, na sociedade e na cultura do país.

A parte substancial do orçamento militar dos EUA consagrada à investigação e desenvolvimento tem sido um dos principais motores da inovação na era do pós-guerra. Constantemente à procura de criar sistemas de armamento mais sofisticados para manter uma vantagem militar, os EUA investiram fortemente em ciência e tecnologia. Este enfoque gerou uma multiplicidade de inovações e avanços tecnológicos. Estes investimentos não se limitaram ao sector militar. Tiveram um efeito de arrastamento noutras indústrias, estimulando a inovação em sectores como a aeronáutica, a eletrónica, as telecomunicações e até a medicina. Por exemplo, a corrida espacial, alimentada pela rivalidade com a União Soviética, levou ao desenvolvimento de tecnologias que encontraram aplicações civis, como os satélites de comunicações. Além disso, os avanços nos materiais, na eletrónica e na informática, inicialmente destinados a aplicações militares, encontraram utilizações no sector comercial, dando origem a novas indústrias e criando empregos. Estes desenvolvimentos não só contribuíram para a superioridade militar dos Estados Unidos, como também desempenharam um papel fundamental na prosperidade económica geral da época. Ajudaram a fazer dos Estados Unidos um líder mundial em vários domínios tecnológicos, reforçando a sua posição económica e geopolítica na cena mundial.

A corrida aos armamentos entre os Estados Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria foi, inegavelmente, um dos principais factores da escalada das despesas militares. Esta intensa rivalidade levou a que as duas superpotências se envolvessem numa competição feroz para desenvolver sistemas de armamento cada vez mais novos e mais poderosos. Cada uma das partes procurou obter uma vantagem estratégica, o que levou a uma série de inovações e desenvolvimentos no domínio militar. Em particular, o conceito de dissuasão nuclear assumiu uma importância primordial, com ambos os países a acumularem enormes arsenais nucleares na esperança de dissuadirem o outro de uma agressão direta. Isto levou à doutrina da destruição mútua assegurada, segundo a qual nenhuma das partes poderia sobreviver a uma guerra nuclear total, tornando improvável um conflito nuclear direto. Para além das armas nucleares, os Estados Unidos e a União Soviética investiram no desenvolvimento de aviões de combate avançados, mísseis, submarinos e outras tecnologias militares. A concorrência estendeu-se também ao espaço com a Corrida Espacial, em que cada uma das partes procurou provar a sua superioridade tecnológica e garantir vantagens estratégicas. Esta competição teve um impacto considerável nos assuntos mundiais, influenciando não só as relações entre as duas superpotências, mas também as suas relações com outros países. Deu origem a numerosos conflitos por procuração em diferentes partes do mundo, onde os Estados Unidos e a União Soviética apoiaram facções opostas na sua luta pela influência geopolítica.

A indústria de defesa dos EUA desempenha um papel complexo e muitas vezes controverso na política e na economia do país. Constituída principalmente por empresas privadas dependentes de contratos com o governo federal, está intrinsecamente ligada às despesas militares. Assim, níveis elevados de despesa militar podem traduzir-se diretamente em lucros mais elevados para estas empresas. Esta dinâmica cria um forte incentivo financeiro para que a indústria da defesa promova políticas que perpetuem ou aumentem as despesas militares. Por vezes, isto pode implicar a promoção de uma perceção acrescida de insegurança ou de ameaças, justificando assim a necessidade de manter ou aumentar o investimento em capacidades militares. Este fenómeno é por vezes descrito como parte do conceito de "complexo militar-industrial", uma expressão popularizada pelo Presidente Dwight D. Eisenhower no seu discurso de despedida em 1961, quando alertou para a influência potencial e excessiva deste complexo na política americana. A aplicação da Doutrina Monroe, estabelecida no século XIX para dissuadir as potências europeias de se envolverem nos assuntos do hemisfério ocidental, também tem sido invocada num contexto moderno para justificar a intervenção americana noutros países. Embora a Doutrina Monroe tenha sido originalmente concebida para proteger a independência das nações das Américas, a sua interpretação e aplicação ao longo dos séculos tem sido frequentemente alargada para apoiar intervenções destinadas a manter ou alargar a influência americana no estrangeiro.

Um rádio transístor fabricado pela Sanyo em 1959. O Japão fabricou grande parte da eletrónica de consumo mundial durante este período.

A invenção do transístor em 1947 foi um acontecimento importante na história da tecnologia. Criado pelos físicos John Bardeen, Walter Brattain e William Shockley dos Laboratórios Bell, o transístor revolucionou o mundo da eletrónica. Antes do aparecimento do transístor, os dispositivos electrónicos baseavam-se principalmente em tubos de vácuo, que eram volumosos, consumiam muita energia e geravam muito calor. O transístor, por outro lado, era pequeno, eficiente em termos energéticos e mais fiável. A sua capacidade de amplificar e comutar sinais electrónicos tornou possível a miniaturização dos componentes electrónicos, abrindo caminho a uma série de inovações tecnológicas. Este avanço desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da primeira geração de computadores comerciais, que eram muito mais pequenos e acessíveis do que os seus antecessores de tubos de vácuo. Para além dos computadores, o transístor também permitiu a criação de rádios compactos e portáteis, mudando a forma como as pessoas ouviam música e obtinham informações. Esta portabilidade teve um impacto cultural significativo, tornando a música e as notícias acessíveis em quase todo o lado. Ao longo dos anos, a evolução contínua dos transístores conduziu a dispositivos cada vez mais pequenos e mais potentes, lançando as bases da era dos semicondutores e da eletrónica moderna. Desde smartphones e computadores portáteis a sistemas de navegação por satélite e dispositivos médicos, os transístores continuam a desempenhar um papel crucial em quase todos os aspectos da tecnologia moderna.

A revolução da eletrónica, desencadeada por inovações como o transístor, teve um enorme impacto no mundo do trabalho e na economia em geral. A automatização das indústrias é uma das consequências directas desta revolução. Com o advento de máquinas mais inteligentes e mais eficientes, capazes de realizar tarefas anteriormente executadas por seres humanos, a necessidade de mão de obra em muitas indústrias diminuiu. Este facto foi mais notório em sectores como a indústria transformadora e a montagem, onde os robôs e as máquinas automatizadas substituíram os trabalhadores em muitas funções. Esta situação conduziu a um declínio do emprego industrial, com um impacto significativo nos trabalhadores, em especial naqueles que não possuíam as competências necessárias para se adaptarem a estas mudanças. Paralelamente à automatização, uma vaga de fusões e aquisições varreu muitos sectores. As grandes empresas, procurando consolidar o seu poder e maximizar os seus lucros, procuraram frequentemente fundir-se com empresas mais pequenas ou adquiri-las, em especial as que detinham tecnologias-chave ou inovadoras. Esta consolidação permitiu a estas empresas de maior dimensão controlar uma maior quota de mercado, obter economias de escala e, frequentemente, aceder a tecnologias de ponta. Estas fusões e aquisições também alteraram o panorama económico, conduzindo por vezes à criação de monopólios ou oligopólios em determinados sectores. Suscitaram igualmente preocupações quanto à concorrência e ao impacto nos consumidores, nomeadamente em termos de preço, qualidade e escolha.

O período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial assistiu ao aparecimento de grandes conglomerados, que desempenharam um papel importante na economia mundial. Estes conglomerados, muitas vezes com um poder financeiro e tecnológico impressionante, foram formados através da fusão e aquisição de várias empresas em múltiplos sectores. A reunião destas diferentes indústrias sob o mesmo teto permitiu a estes conglomerados diversificar as suas operações e reduzir os riscos associados à dependência de um único sector. Podiam fabricar uma vasta gama de produtos, desde bens de consumo corrente a tecnologias de ponta, e muitas vezes controlar toda a cadeia de valor, desde o fabrico à distribuição. Estes conglomerados adquiriram empresas em domínios tão variados como a eletrónica, os automóveis, a indústria aeroespacial, os produtos químicos e até os meios de comunicação social e os serviços financeiros. Esta diversificação conduziu frequentemente a economias de escala e sinergias, aumentando a sua competitividade e capacidade de inovação. No entanto, a concentração do poder económico nas mãos de um pequeno número de grandes conglomerados também suscitou preocupações. As questões da concorrência, do controlo do mercado, da influência sobre a política e do impacto sobre os consumidores tornaram-se preocupações importantes. Os governos e as entidades reguladoras tiveram de encontrar formas de equilibrar os benefícios destas grandes empresas com a necessidade de preservar um mercado justo e competitivo.

A concentração da produção nas mãos de um pequeno número de grandes empresas influenciou profundamente a economia e a sociedade dos EUA. Estes conglomerados e multinacionais, devido à sua dimensão e poder, moldaram a paisagem económica e política de diversas formas. Estas empresas adquiriram frequentemente uma posição dominante nos seus sectores, controlando uma parte significativa do mercado. Esta posição dominante permitiu-lhes ditar preços e normas industriais e, frequentemente, impor as suas condições aos fornecedores e distribuidores. Ao mesmo tempo, a sua influência política foi reforçada pelos seus recursos consideráveis, permitindo-lhes exercer pressão sobre os decisores e influenciar as políticas públicas a seu favor. A concentração da produção teve igualmente um impacto sobre o emprego e a mão de obra. Nalguns casos, isto levou à redução de efectivos, à automatização e a uma pressão descendente sobre os salários e os benefícios. Por vezes, comunidades inteiras foram economicamente afectadas, sobretudo quando estas grandes empresas deslocalizaram a produção. Embora estas empresas tenham tido muitas vezes meios para investir em investigação e desenvolvimento, o seu domínio sufocou por vezes a concorrência e a inovação, impedindo as empresas mais pequenas de competir ou de entrar no mercado. Este facto limitou por vezes a escolha dos consumidores e conduziu a práticas comerciais desfavoráveis, tais como preços mais elevados ou produtos de menor qualidade. Por último, estas grandes empresas, frequentemente multinacionais, desempenharam um papel fundamental na globalização, influenciando não só a economia dos EUA, mas também os mercados mundiais. Exportaram o modelo empresarial americano a nível internacional e tiveram um impacto significativo nas práticas empresariais, nas normas laborais e mesmo nas culturas de outros países. A concentração da produção estimulou a eficiência e a inovação, por um lado, mas colocou desafios em termos de concorrência, equidade e governação, por outro.

A história económica dos Estados Unidos é marcada por várias vagas de concentração da produção e de crescimento de grandes empresas, cada uma com características e impactos distintos na economia e na sociedade. No final do século XIX, surgiu a primeira vaga de concentração, associada à ascensão dos "Robber Barons", magnatas como John D. Rockefeller, Andrew Carnegie e J.P. Morgan. Estas figuras construíram imensas fortunas e vastos negócios em sectores como o petróleo, o aço e os caminhos-de-ferro, formando trusts e monopólios que suscitaram preocupações quanto ao seu poder e influência sobre a economia. A década de 1920, muitas vezes referida como os "Roaring Twenties", foi um período de rápido crescimento económico e prosperidade, marcado por uma segunda vaga de concentração. As empresas desta época procuraram expandir-se através de fusões e aquisições, aumentando a sua dimensão e alcance. Este período assistiu também ao aparecimento de novas indústrias, como a automóvel e a da radiodifusão. A terceira vaga de concentração teve lugar nas décadas de 1960 e 1970, um período caracterizado pelo aparecimento de conglomerados. Na sua tentativa de diversificação, as empresas adquiriram empresas de sectores completamente diferentes, formando grandes entidades multissectoriais. No entanto, esta estratégia revelou-se por vezes prejudicial para a eficácia e a gestão. Finalmente, o final do século XX e o início do século XXI foram marcados por uma quarta vaga estimulada pela globalização e pelo progresso tecnológico. As empresas multinacionais alargaram a sua influência à escala mundial, enquanto o sector tecnológico conheceu um crescimento explosivo, que levou ao aparecimento de gigantes como a Google, a Apple e a Amazon. Cada vaga de concentração contribuiu para remodelar não só a paisagem económica, mas também a regulamentação, a política governamental e a dinâmica social. Levantaram questões persistentes sobre o poder das grandes empresas, o equilíbrio entre eficiência e concorrência e o impacto nos trabalhadores, nos consumidores e na economia em geral.

A primeira vaga de concentração, no final do século XIX, foi um período determinante na história económica dos Estados Unidos. Durante este período, surgiram várias grandes empresas que dominavam sectores-chave da economia. Magnatas como John D. Rockefeller, no sector do petróleo, e Andrew Carnegie, no sector do aço, formaram monopólios ou trusts, centralizando o controlo e exercendo uma influência considerável nos respectivos sectores. Esta concentração do poder económico suscitou preocupações quanto ao seu impacto na concorrência e na economia em geral. A segunda vaga de concentração ocorreu na década de 1920, um período de prosperidade económica e de inovação. O surgimento das indústrias automóvel e de bens de consumo estimulou o crescimento económico e, com ele, uma nova vaga de fusões e aquisições. Empresas como a Ford e a General Motors tornaram-se dominantes no sector automóvel, enquanto outras indústrias assistiram também à formação de grandes empresas. Este período foi marcado pelo dinamismo económico, mas também pela crescente preocupação com a concentração do poder económico e as suas implicações para a sociedade americana.

A terceira vaga de concentração ocorreu durante o período do New Deal dos anos 30, uma época de profundas mudanças económicas e políticas nos Estados Unidos. Este período foi marcado pela Grande Depressão, que causou grandes perturbações económicas e sociais. Em resposta, o governo federal, sob a liderança do Presidente Franklin D. Roosevelt, implementou uma série de políticas e programas conhecidos como New Deal, destinados a promover a recuperação económica e a reformar o sistema financeiro. Apesar dos esforços do governo para regular a economia e promover a concorrência, neste período assistiu-se também a uma nova vaga de consolidação em muitos sectores. As grandes empresas, procurando sobreviver e prosperar num clima económico difícil, procuraram frequentemente assumir o controlo de novos mercados e de novas tecnologias. Efectuaram fusões e aquisições, consolidando a sua posição em sectores-chave da economia. Esta tendência para a concentração, mesmo durante um período de maior regulamentação governamental, sublinhou a capacidade das grandes empresas para se adaptarem e manterem a sua influência na economia dos EUA.

A quarta vaga de concentração económica ocorreu no período do pós-guerra, marcado por profundas mudanças tecnológicas e económicas. Esta era foi definida pela revolução eletrónica e pelo crescimento do complexo militar-industrial, tendo ambos desempenhado um papel crucial na reestruturação da economia dos EUA. A revolução eletrónica, catalisada por avanços como a invenção do transístor, abriu caminho ao aparecimento de novas tecnologias e indústrias. Facilitou o desenvolvimento e a produção de produtos electrónicos inovadores, desde computadores a sistemas de comunicação, transformando os métodos de trabalho e os estilos de vida. Ao mesmo tempo, o complexo militar-industrial, alimentado pela concorrência com a União Soviética durante a Guerra Fria, levou a uma expansão maciça das despesas militares e do investimento na investigação e desenvolvimento de tecnologias de defesa. Esta concentração no armamento e na tecnologia militar teve um impacto profundo na indústria e na investigação científica. Este período caracterizou-se por uma concentração sem precedentes do capital industrial. Um pequeno número de grandes empresas, frequentemente envolvidas em tecnologias emergentes ou na produção de armamento, dominou a economia dos EUA. Estas empresas exerciam uma influência considerável não só no mercado, mas também na política governamental. As fusões e aquisições eram comuns, uma vez que as empresas procuravam alargar a sua influência, consolidar o seu poder e controlar maiores partes do mercado. Esta concentração do poder económico nas mãos de um pequeno número de grandes empresas moldou profundamente a estrutura da economia americana e continua a influenciar a dinâmica económica e política até aos dias de hoje.

A concentração da produção e a ascensão do grande capital no período do pós-guerra tiveram um impacto significativo no movimento sindical dos Estados Unidos. Perante a consolidação das indústrias e a crescente automatização, os trabalhadores sentiram uma maior necessidade de solidariedade e de representação colectiva. Em resposta a estas mudanças, a Federação Americana do Trabalho (AFL) e o Congresso das Organizações Industriais (CIO) fundiram-se em 1955 para formar a AFL-CIO. Esta fusão criou a maior federação sindical dos Estados Unidos, unindo sindicatos que representam vários sectores e profissões. Esta consolidação do movimento laboral foi, em parte, uma resposta à consolidação do mundo empresarial. Os sindicatos reconheceram que, para negociar eficazmente com grandes e poderosas empresas, também eles precisavam de ser fortes e unidos. A fusão da AFL-CIO tinha como objetivo aumentar a sua influência e poder de negociação, permitindo-lhes defender melhor os direitos e interesses dos trabalhadores. O contexto da Guerra Fria também desempenhou um papel importante na formação da AFL-CIO. Durante este período, houve uma forte pressão para que as organizações dos Estados Unidos adoptassem uma posição firme contra o comunismo. A AFL-CIO, ao formar-se, adoptou uma posição anti-comunista, distanciando-se de influências ou filiações consideradas radicais ou comunistas. Esta posição foi, em parte, uma estratégia para manter a legitimidade e a aceitação do sindicato na sociedade americana da altura, largamente anticomunista. A AFL-CIO desempenhou um papel crucial na história do movimento laboral nos Estados Unidos, procurando unir os trabalhadores e reforçar a sua voz nas negociações com os empregadores, ao mesmo tempo que navegava no complexo clima político da Guerra Fria.

A consolidação do movimento sindical nos Estados Unidos com a criação da AFL-CIO em 1955 não conduziu a um aumento significativo da filiação sindical no período pós-guerra. Vários factores contribuíram para esta estagnação, ou mesmo para um declínio relativo, da filiação sindical. Em primeiro lugar, o boom do pós-guerra assistiu à criação de muitos empregos no sector dos "colarinhos brancos", incluindo cargos administrativos, de escritório e profissionais. Estes sectores apresentavam tradicionalmente taxas de sindicalização mais baixas do que os empregos na indústria e na manufatura. Os trabalhadores de colarinho branco, frequentemente considerados como empregados da classe média, não tinham a mesma história ou afinidade com os sindicatos que os trabalhadores da classe operária. Para além disso, o crescimento dos subúrbios desempenhou um papel importante. Muitas empresas transferiram as suas actividades para subúrbios ou regiões onde a tradição sindical era menor. Esta descentralização enfraqueceu a influência dos sindicatos, que eram mais fortes nas zonas urbanas e industriais. Os empregadores, especialmente nos novos sectores e nas empresas em rápido crescimento, resistiram frequentemente à sindicalização. Utilizaram uma variedade de estratégias, desde a melhoria das condições de trabalho para reduzir a atração dos sindicatos, até tácticas mais agressivas, tais como campanhas anti-sindicais e lobbying para uma legislação mais restritiva em matéria de relações laborais. A legislação, como a Lei Taft-Hartley de 1947, impôs novas restrições às actividades e poderes dos sindicatos. Estas leis tornaram a sindicalização mais difícil e limitaram a eficácia dos sindicatos em alguns casos. Finalmente, durante o período da Guerra Fria, os sindicatos também tiveram de navegar num clima político em que qualquer associação com ideias radicais ou socialistas era fortemente criticada. Este facto dificultou por vezes a sua capacidade de mobilizar e conquistar novos membros.

A alteração da composição da força de trabalho dos Estados Unidos no período pós-guerra e o declínio da filiação e da influência dos sindicatos desempenharam um papel importante no enfraquecimento do movimento sindical. A transição para uma economia mais baseada nos serviços e o aumento do emprego de colarinho branco criaram desafios consideráveis para os sindicatos que estavam tradicionalmente enraizados no sector industrial. Apesar destes obstáculos, a AFL-CIO continuou a exercer uma influência significativa na paisagem política e social dos Estados Unidos. Enquanto coligação de sindicatos, tem lutado para defender os direitos dos trabalhadores, esforçando-se por promover condições de trabalho justas, salários equitativos e segurança no emprego. Também tem desempenhado um papel ativo no apoio à legislação a favor dos trabalhadores e tem estado envolvida em questões políticas e económicas mais amplas. Embora a influência dos sindicatos possa ter diminuído em relação ao seu apogeu em anos anteriores, a AFL-CIO e outras organizações laborais continuaram a representar uma voz importante para os trabalhadores americanos, procurando equilibrar o poder entre empregadores e empregados e promover uma economia mais justa e inclusiva.

O período do pós-guerra marcou uma era de profunda transformação no sector agrícola americano. O aumento espetacular da produtividade agrícola deveu-se sobretudo a uma série de avanços e inovações tecnológicas. A mecanização, que substituiu o trabalho manual e animal por máquinas, aumentou consideravelmente a eficiência e a rapidez das operações agrícolas. A utilização de pesticidas e de fertilizantes químicos permitiu controlar as pragas e melhorar a fertilidade dos solos, conduzindo a um aumento significativo dos rendimentos. Além disso, a melhoria das técnicas agrícolas, incluindo os métodos de gestão das culturas e do gado, desempenhou um papel crucial no aumento da produção. Estes progressos não só melhoraram a quantidade da produção agrícola, como também contribuíram para a qualidade e a diversidade dos produtos disponíveis. No entanto, este aumento da produtividade agrícola conduziu também a uma concentração da produção nas mãos de um pequeno número de grandes empresas agro-alimentares. A consolidação no sector agrícola foi impulsionada por economias de escala: as grandes empresas podiam produzir de forma mais eficiente e a custos mais baixos. Esta tendência teve um impacto significativo nas pequenas explorações agrícolas familiares, muitas das quais tiveram dificuldade em competir com as grandes empresas e algumas delas foram mesmo obrigadas a encerrar ou a vender as suas terras. Consequentemente, a paisagem agrícola dos Estados Unidos mudou radicalmente no período do pós-guerra, caracterizando-se por uma produção agrícola industrializada e centralizada, dominada por grandes actores da indústria agroalimentar. Esta transformação teve efeitos duradouros na economia rural, nos estilos de vida dos agricultores e no ambiente global do sector agrícola.

A crescente concentração da produção agrícola nos Estados Unidos teve um impacto profundo e duradouro no sector agrícola e nas comunidades rurais. Com o aumento da influência das grandes empresas e corporações do sector agrícola, muitas pequenas e médias explorações agrícolas viram-se incapazes de competir. Esta concorrência desigual, frequentemente exacerbada por diferenças significativas em termos de recursos, tecnologia e acesso aos mercados, obrigou muitos pequenos agricultores a abandonar a atividade ou a vender as suas terras. O desaparecimento gradual destas explorações familiares tradicionais não teve apenas um impacto económico, mas também levou a mudanças sociais e culturais. As comunidades rurais, outrora vibrantes e centradas na agricultura familiar, sofreram frequentemente um declínio, confrontadas com a perda de postos de trabalho, a diminuição da população e a deterioração das infra-estruturas locais. Além disso, a concentração da produção agrícola nas mãos de um pequeno número de grandes entidades levantou questões sobre a diversidade das culturas, a sustentabilidade das práticas agrícolas e a segurança alimentar. A dependência de um número limitado de grandes empresas para a produção de alimentos pôs em evidência os riscos da monocultura, do esgotamento dos solos e da degradação ambiental. Em resposta a estes desafios, surgiram movimentos a favor da agricultura sustentável, da agroecologia e do apoio às pequenas explorações agrícolas, procurando promover práticas agrícolas mais equilibradas e reforçar as comunidades rurais. Apesar destes esforços, as consequências da concentração da produção agrícola e o declínio das pequenas explorações continuam a ser questões importantes na paisagem agrícola atual.

No período pós-guerra, registaram-se progressos consideráveis no sector agrícola dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos. A introdução de novas tecnologias e a adoção de melhores técnicas agrícolas conduziram a aumentos significativos da produtividade e dos rendimentos. Inovações como o aumento da mecanização, a utilização de fertilizantes químicos e pesticidas e melhores práticas de gestão das culturas e do gado ajudaram a transformar a agricultura numa indústria mais eficiente e em grande escala. No entanto, esta revolução agrícola teve um custo social significativo. Como já foi referido, muitas explorações agrícolas familiares não conseguiram competir com as grandes empresas agro-industriais que começaram a dominar o sector. Estas pequenas explorações, muitas vezes privadas dos mesmos recursos, capital e acesso a tecnologias avançadas, tiveram cada vez mais dificuldade em manter a sua competitividade no mercado. O declínio da agricultura familiar teve profundas implicações, não só para os agricultores individuais e as suas famílias, mas também para as comunidades rurais no seu conjunto. Estas comunidades assistiram frequentemente a um declínio da sua população, a uma erosão da sua base económica e a uma perda do seu tecido social. Além disso, esta mudança para a agricultura em grande escala levantou questões ambientais e preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo das práticas agrícolas. Embora o aumento da produtividade tenha permitido satisfazer a procura crescente de alimentos e reduzir o custo dos produtos agrícolas, as consequências sociais, económicas e ambientais desta transformação continuaram a ser objeto de debate e preocupação. Encontrar um equilíbrio entre eficiência, sustentabilidade e apoio às comunidades agrícolas continua a ser um desafio central no sector agrícola atual.

A migração rural-urbana, impulsionada pela procura de novas oportunidades de emprego, transformou profundamente muitas comunidades rurais na sequência da revolução agrícola do pós-guerra. À medida que os agricultores abandonavam a terra, estas comunidades enfrentavam frequentemente grandes desafios: declínio da população, erosão dos serviços locais, infra-estruturas enfraquecidas e dificuldades económicas generalizadas. Estes problemas persistentes deixaram uma marca indelével na paisagem rural, transformando, por vezes, comunidades outrora prósperas em zonas que enfrentam dificuldades económicas e declínio demográfico. Mas a história das comunidades rurais não é apenas uma história de declínio. Apesar destes desafios consideráveis, muitas têm demonstrado uma capacidade de resistência notável. Encontraram formas de se adaptar e reinventar, explorando novas vias económicas, aproveitando os recursos locais e reforçando o tecido comunitário. Algumas assistiram ao desenvolvimento do turismo rural ou ao aparecimento de pequenas empresas centradas em nichos de mercado ou em produtos locais. Outras beneficiaram do crescimento da agricultura biológica ou da produção em pequena escala, oferecendo uma alternativa às operações industriais em grande escala. Para além das suas contribuições económicas, as comunidades rurais continuam a desempenhar um papel crucial no tecido social e cultural do país. Preservam tradições, estilos de vida e conhecimentos que são uma parte essencial da identidade nacional. A sua resiliência e capacidade de adaptação são testemunho não só da força destas comunidades, mas também da sua importância contínua na sociedade moderna.

A Grande Migração, que teve lugar principalmente entre o início do século XX e a década de 1970, representou uma migração maciça de afro-americanos dos estados do Sul para as cidades do Norte e da Califórnia. Esta migração conduziu a alterações demográficas significativas nos Estados Unidos, redefinindo a paisagem social, económica e política de muitas regiões. Para muitos afro-americanos, a Grande Migração simbolizou a esperança e a aspiração a uma vida melhor. Fugindo à segregação, à discriminação e às duras condições económicas do Sul rural, procuravam oportunidades de emprego, educação para os filhos e emancipação dos grilhões do racismo institucionalizado. Os empregos industriais nas cidades do Norte ofereciam salários mais elevados e um certo grau de liberdade em relação às restrições opressivas do Sul. No entanto, a realidade nas cidades do Norte não estava isenta de desafios. Muitos afro-americanos viram-se confrontados com novas formas de discriminação e segregação. Eram frequentemente relegados para empregos mal remunerados e viviam em bairros sobrelotados e subdesenvolvidos. A pobreza, as tensões raciais e a marginalização eram problemas persistentes. Apesar destas dificuldades, a Grande Migração levou à formação de comunidades afro-americanas vibrantes nas cidades do Norte. Estas comunidades desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da cultura afro-americana, nomeadamente nos domínios da música, da literatura e das artes. Além disso, esta migração teve um impacto significativo na política americana, com os afro-americanos a tornarem-se uma força eleitoral importante em muitas cidades do Norte.

Nascimento dos símbolos da sociedade americana de luxo[modifier | modifier le wikicode]

O período do pós-guerra nos Estados Unidos foi uma era de profunda transformação, marcada por um crescimento económico robusto e uma prosperidade sem precedentes. Esta era deu origem ao que é frequentemente referido como a "sociedade afluente", caracterizada por uma série de elementos-chave que ilustram a mudança cultural significativa por que passou a América. Em primeiro lugar, registou-se um aumento dramático do consumismo. A maior disponibilidade de uma variedade de produtos, desde electrodomésticos a automóveis, estimulou uma cultura de consumo que se tornou central na vida americana. A publicidade e o marketing desempenharam um papel crucial no incentivo a este consumismo, apresentando a posse de bens como um símbolo de estatuto e sucesso. Ao mesmo tempo, o período do pós-guerra assistiu a uma expansão maciça dos subúrbios. As famílias americanas, seduzidas pela ideia de casas unifamiliares e de bairros tranquilos, mudaram-se em grande número para os subúrbios. Esta tendência foi reforçada pelas políticas governamentais que favorecem a aquisição de casa própria e pelo desenvolvimento das auto-estradas, que facilitam o transporte entre os subúrbios e as cidades. A inovação tecnológica foi também um dos pilares deste período. A introdução de novos produtos, como os televisores, os frigoríficos e as máquinas de lavar, transformou o quotidiano, oferecendo conforto e eficiência. Estas tecnologias alteraram também os hábitos de consumo e as actividades de lazer, tendo a televisão, em particular, passado a ser um elemento central da cultura popular americana. Por último, a ênfase no individualismo e no sonho americano foi reforçada durante este período. O ideal do sonho americano de sucesso através do trabalho árduo e da procura de riqueza material foi amplamente celebrado. Esta visão encorajou a ambição pessoal e foi um poderoso motor do esforço empresarial.

A década de 1950 foi um período crucial na história cultural e social dos Estados Unidos, marcado pelo advento de uma cultura de consumo e pela emergência de novos símbolos de prosperidade. Durante esta década, a televisão tornou-se um elemento central do lar americano, oferecendo um novo meio de entretenimento e informação. Marcas como a McDonald's começaram a moldar o panorama da fast-food, enquanto brinquedos como a Barbie se tornaram partes icónicas da cultura americana. Ao mesmo tempo, figuras como Marilyn Monroe e Elvis Presley tornaram-se figuras importantes da cultura popular. Monroe, com o seu charme e sex appeal, tornou-se um símbolo do glamour de Hollywood, enquanto Elvis Presley revolucionou a cena musical. O estilo de Elvis, que combinava influências do rhythm and blues e do rock 'n' roll, e os seus movimentos de dança provocadores, desencadearam uma convulsão cultural, particularmente no seio da comunidade WASP (White Anglo-Saxon Protestant), que representava o establishment cultural e social dominante na altura. Para muitos na comunidade WASP, o estilo e a música de Elvis eram vistos como uma ameaça aos valores tradicionais. A sua música, fortemente influenciada pela cultura afro-americana, representava uma rutura com as normas musicais e culturais da época. Introduziu ritmos e estilos que anteriormente estavam confinados às comunidades afro-americanas no mainstream, abrindo caminho para uma maior integração da música afro-americana na cultura popular americana.

A década de 1950 representou uma era de profunda transformação para a sociedade americana, alimentada por um boom económico sem precedentes. Este período foi marcado por uma prosperidade crescente e um maior acesso ao consumo de massas. Com o aumento do rendimento disponível, os americanos puderam investir numa gama cada vez mais vasta de bens de consumo, alimentando uma expansão significativa da economia.

A suburbanização foi um fenómeno central desta década. Atraídas pela promessa do sonho americano - possuir uma casa com jardim, um carro e uma vida confortável de classe média - muitas famílias instalaram-se nos subúrbios em rápida expansão. Estas comunidades suburbanas simbolizavam uma nova forma de vida americana, oferecendo espaço, segurança e uma certa idealização da vida familiar. Este período assistiu também ao início do "baby boom". As taxas de natalidade dispararam após a Segunda Guerra Mundial, resultando num crescimento rápido da população e numa maior procura de habitação, educação e serviços. Os jovens desta geração baby-boom desempenhariam mais tarde um papel fundamental nas mudanças sociais e culturais das décadas seguintes. Em termos de tecnologia, a década de 1950 registou progressos notáveis. As viagens aéreas comerciais tornaram-se mais acessíveis, revolucionando a forma como as pessoas se deslocavam e interagiam. O ar condicionado tornou-se mais acessível e generalizado, melhorando o conforto nas casas e nos escritórios, especialmente em climas quentes. Simultaneamente, a utilização generalizada de cartões de crédito introduziu uma nova forma de flexibilidade financeira e alimentou ainda mais a cultura de consumo. De um modo geral, a década de 1950 lançou as bases da economia de consumo moderna e moldou muitos aspectos da vida americana que se mantêm até aos dias de hoje. A combinação de prosperidade económica, avanços tecnológicos e mudanças sociais criou um período dinâmico que influenciou grandemente o curso da história americana.

¾ dos americanos beneficiam da sociedade afluente[modifier | modifier le wikicode]

O período do pós-guerra nos Estados Unidos, nomeadamente durante os anos 50, foi marcado por um movimento demográfico e económico significativo, frequentemente designado por "milagre do Sunbelt". Esta região, que inclui os estados do sul e do oeste dos Estados Unidos, registou um crescimento espetacular em termos de população, indústria e prosperidade económica. A migração para o Sunbelt foi motivada por vários factores. Em primeiro lugar, o clima mais ameno atraiu muitos americanos. Em segundo lugar, as abundantes oportunidades económicas desempenharam um papel crucial. As indústrias em expansão, como a dos armamentos, a aeroespacial, a extração de petróleo e a transformação de alimentos, criaram postos de trabalho e estimularam a economia local. Este crescimento industrial foi sustentado por um investimento significativo, tanto privado como público, em especial com as despesas do governo com a defesa durante a Guerra Fria. O crescimento destas indústrias conduziu a uma maior prosperidade na região Sunbelt, o que beneficiou significativamente a classe média branca. Cerca de três quartos dos americanos desfrutaram de alguma forma de prosperidade durante este período, com um maior acesso a bens de consumo, à propriedade e à educação. No entanto, é importante notar que este período de prosperidade não foi distribuído de forma homogénea. As minorias étnicas, e os afro-americanos em particular, foram frequentemente excluídos desta prosperidade crescente devido à discriminação sistémica e às desigualdades socioeconómicas. Estas desigualdades ajudaram a moldar a paisagem social e económica da América e continuaram a ser motivo de preocupação e de luta pelos direitos civis nas décadas seguintes.

Durante a década de 1950, a sociedade americana assistiu a grandes mudanças no papel e no lugar das mulheres, nomeadamente no local de trabalho. Tendo desempenhado um papel crucial na força de trabalho durante a Segunda Guerra Mundial, muitas mulheres continuaram a trabalhar ou procuraram entrar no mercado de trabalho nos anos que se seguiram. No entanto, este período foi caracterizado por tensões entre os ideais tradicionais e as aspirações crescentes das mulheres. Por um lado, a ideologia dominante promovia o modelo da dona de casa, dedicada à educação dos filhos e às tarefas domésticas. Esta imagem era reforçada pela cultura popular, pela publicidade e até por certas políticas governamentais que favoreciam a família tradicional. Por outro lado, a crescente integração das mulheres no mercado de trabalho começou a pôr em causa estas normas tradicionais. Muitas mulheres da classe média começaram a procurar a sua realização pessoal e profissional fora de casa. O trabalho remunerado oferecia não só uma fonte de rendimento, mas também um sentido de independência, identidade e contribuição para a sociedade. Este conflito entre os valores tradicionalistas e o desejo de independência profissional criou tensões na sociedade. As mulheres trabalhadoras eram frequentemente objeto de discriminação, de salários desiguais e de oportunidades limitadas de progressão na carreira. Além disso, tinham de conciliar o trabalho com as responsabilidades familiares, um desafio que se mantém até aos dias de hoje. A entrada das mulheres no mercado de trabalho na década de 1950 foi, por conseguinte, um importante ponto de viragem. Preparou o caminho para mudanças progressivas nos papéis dos géneros e contribuiu para o surgimento de movimentos subsequentes pela igualdade dos géneros. Este período lançou as bases para as futuras lutas pelos direitos das mulheres e pôs em evidência a complexidade das identidades e dos papéis das mulheres na sociedade americana.

Durante a década de 1950, a classe média branca dos Estados Unidos desempenhou um papel central no crescimento económico e na prosperidade do pós-guerra. Este grupo demográfico beneficiou muito com a expansão económica e as políticas governamentais da época, que tiveram um impacto significativo na paisagem social e económica americana. A classe média branca teve acesso a empregos bem remunerados em sectores em expansão, como a indústria transformadora, a construção e o sector dos serviços. Esta disponibilidade de empregos estáveis e bem remunerados permitiu que muitos americanos da classe média atingissem um nível de vida confortável. Além disso, programas federais como o GI Bill (formalmente conhecido como Servicemen's Readjustment Act de 1944) proporcionaram benefícios substanciais aos veteranos, incluindo hipotecas a juros baixos e bolsas de estudo, que ajudaram muitos a comprar casas nos subúrbios em rápido crescimento e a obter educação superior. Estes programas desempenharam um papel fundamental no crescimento da classe média e na expansão dos subúrbios. No entanto, é importante notar que estes benefícios e oportunidades não foram distribuídos de forma homogénea pela sociedade americana. As minorias étnicas, nomeadamente os afro-americanos, bem como outros grupos marginalizados, foram muitas vezes excluídos destas oportunidades devido a práticas discriminatórias como a segregação e o redlining.

A Federal Housing Administration (FHA), criada em 1934, desempenhou um papel crucial na configuração da paisagem residencial dos Estados Unidos, nomeadamente ao facilitar a aquisição de casa própria a milhões de americanos. No entanto, as suas políticas e práticas também contribuíram para a discriminação racial e étnica e para a segregação no sector da habitação. A FHA favoreceu a concessão de hipotecas a cidadãos brancos da classe média, frequentemente em detrimento das pessoas de cor, dos pobres, dos judeus e de outras comunidades minoritárias. Esta discriminação foi institucionalizada através de práticas como a "redlining", em que os mapas dos bairros eram coloridos a vermelho para indicar as zonas onde os empréstimos eram considerados de risco, muitas vezes devido à presença de residentes negros ou de outras minorias. Consequentemente, era frequentemente recusado o crédito hipotecário aos residentes destas zonas, impedindo-os de comprar casa ou de investir na sua propriedade. Estas práticas discriminatórias tiveram repercussões profundas e duradouras. Perpetuaram a segregação racial, concentrando a riqueza e os recursos nas mãos dos brancos e limitando o acesso das minorias à habitação e à propriedade. Estas políticas também contribuíram para o fosso de riqueza entre brancos e minorias, uma vez que o acesso à propriedade é uma via importante para a acumulação de riqueza nos Estados Unidos. A discriminação institucionalizada na habitação criou e reforçou desigualdades sistémicas que persistem até hoje, apesar das reformas e da legislação subsequentes destinadas a promover a igualdade de oportunidades no acesso à habitação.

A década de 1950 nos Estados Unidos foi um período de grandes transformações em termos de desenvolvimento de infra-estruturas, sobretudo com a ênfase na construção de estradas e auto-estradas. Isto reflectiu uma mudança significativa nas prioridades e nos estilos de vida dos americanos. Em 1956, o Presidente Dwight D. Eisenhower assinou a Lei Federal Aid Highway Act, marcando o início de uma expansão sem precedentes da rede de auto-estradas dos EUA. Esta lei levou à criação do Sistema de Auto-Estradas Interestaduais, um projeto colossal destinado a ligar o país com uma rede de auto-estradas modernas. O investimento maciço neste projeto estimulou a economia e promoveu a mobilidade, mas teve também efeitos colaterais significativos. A ênfase na rede rodoviária tendeu a favorecer o automóvel como principal meio de transporte, conduzindo a um declínio dos transportes públicos e dos caminhos-de-ferro. Esta tendência exacerbou as desigualdades socioeconómicas, uma vez que as pessoas que não tinham dinheiro para comprar um automóvel se encontravam em desvantagem em termos de acesso a oportunidades de emprego e a serviços. Além disso, estas políticas contribuíram para a suburbanização, com muitos americanos, principalmente da classe média branca, a mudarem-se para os subúrbios. Estas zonas eram frequentemente mais bem servidas pelas novas auto-estradas, enquanto os centros das cidades, onde vivem muitas comunidades marginalizadas, eram negligenciados. A falta de investimentos significativos em habitação social até ao final da década de 1960 também agravou os problemas de habitação, em especial para os pobres e as minorias. Este facto contribuiu para a manutenção das disparidades em matéria de habitação e de acesso aos recursos, deixando muitas comunidades marginalizadas em condições precárias.

O ¼ de americanos em situação de pobreza[modifier | modifier le wikicode]

Na década de 1950, os Estados Unidos viveram um período de prosperidade económica, com um crescimento significativo da classe média e uma expansão do consumismo. No entanto, esta prosperidade não foi partilhada de forma igual por todos. Cerca de um quarto da população vivia em condições de pobreza, evidenciando as profundas disparidades socioeconómicas da época. Os idosos, as crianças e as mulheres solteiras, viúvas ou divorciadas estavam desproporcionadamente representados entre os que viviam na pobreza. Esta vulnerabilidade tem muitas razões. Os idosos, por exemplo, não dispunham frequentemente de uma fonte de rendimento estável após a reforma. As pensões e os sistemas de segurança social eram inexistentes ou insuficientes para satisfazer as suas necessidades. As mulheres solteiras, viúvas ou divorciadas, por seu lado, enfrentavam obstáculos consideráveis no mercado de trabalho. Muitas vezes, estavam limitadas a empregos mal remunerados, sem benefícios sociais, e tinham de assumir simultaneamente responsabilidades familiares. As crianças de famílias pobres são também particularmente vulneráveis. A pobreza infantil era e continua a ser um problema persistente, que afecta não só o bem-estar imediato das crianças, mas também as suas perspectivas futuras. A concentração da pobreza nas zonas urbanas foi outra caraterística do período. Embora 70% das pessoas que vivem na pobreza residam em zonas urbanas, os desafios específicos das comunidades rurais não devem ser subestimados. Os restantes 30% viviam em zonas rurais, onde frequentemente se deparavam com a falta de acesso a empregos bem remunerados, serviços de saúde e educação de qualidade. Esta situação reflecte uma complexidade subjacente à sociedade americana da década de 1950. Apesar da imagem de uma era de prosperidade e crescimento, uma parte significativa da população foi deixada para trás, vivendo à margem da sociedade abastada.

Os indígenas americanos, ou nativos americanos, sofreram desigualdades profundas e persistentes durante a década de 1950 e continuam a enfrentar muitos desafios atualmente. Na década de 1950, os índios americanos tinham rendimentos muito inferiores aos da população em geral, incluindo pessoas que já viviam na pobreza. Esta situação foi agravada pela falta de acesso a oportunidades adequadas de educação e emprego. Os sistemas de ensino nas reservas eram frequentemente subfinanciados e de má qualidade, limitando as oportunidades de progresso dos jovens ameríndios. As suas comunidades também sofriam de acesso limitado a cuidados de saúde de qualidade. Os serviços médicos eram frequentemente inadequados e os residentes das reservas tinham por vezes de percorrer longas distâncias para obter cuidados básicos. As doenças crónicas e os problemas de saúde mental eram comuns, mas não havia recursos suficientes para os tratar. A discriminação sistémica e institucional desempenhou um papel importante na manutenção destas desigualdades. O governo federal, que tinha obrigações para com os povos indígenas ao abrigo de vários tratados, não cumpria frequentemente os seus compromissos. As políticas e leis adoptadas foram por vezes diretamente prejudiciais às comunidades indígenas, como as que visavam a assimilação forçada dos ameríndios ou a redução da sua autonomia. Na década de 1950, foi implementada uma política conhecida como "Terminação", destinada a assimilar os ameríndios à sociedade dominante e a pôr termo ao seu estatuto de nações soberanas. Esta política levou à retirada do reconhecimento federal de muitas tribos, à perda de terras e à deterioração das condições de vida nas reservas. Infelizmente, muitos destes problemas persistem nas comunidades indígenas actuais. Embora se tenham registado progressos em termos de reconhecimento dos direitos e da autonomia dos povos indígenas, as disparidades em termos de saúde, educação e rendimento continuam a ser significativas. Os esforços para remediar estas desigualdades históricas e actuais continuam a ser um tema importante do discurso político e social nos Estados Unidos.

A Política de Extermínio dos Índios teve um impacto profundamente devastador nas comunidades nativas americanas nos Estados Unidos. Introduzida a partir do final da década de 1940 e sobretudo durante a década de 1950, tinha por objetivo integrar os nativos americanos na sociedade americana, pondo fim ao seu estatuto jurídico especial e dissolvendo as reservas. Um dos aspectos mais controversos desta política foi a retirada do reconhecimento federal a certas tribos. Este facto resultou na perda da soberania e do governo autónomo das tribos, perturbando séculos de estruturas políticas e sociais indígenas. Com esta política, as terras anteriormente sob controlo tribal foram cedidas aos Estados ou postas à venda. A consequência direta foi uma enorme perda de terras ancestrais, com implicações económicas, culturais e espirituais para os povos indígenas. Paralelamente a estas alterações, foi cortado o apoio federal a serviços como a educação, os cuidados de saúde e a segurança social. Este corte mergulhou muitas comunidades na pobreza e exacerbou problemas sociais que já existiam. Além disso, a política incentivou, ou mesmo forçou, os nativos americanos a abandonarem a sua própria cultura e tradições para se integrarem na sociedade americana dominante, o que provocou um sentimento de perda de identidade cultural e fez com que gerações de nativos americanos se sentissem desenraizadas. As repercussões da política de cessação ainda hoje se fazem sentir. Mesmo após a sua rejeição na década de 1970, persistem nas comunidades ameríndias desafios como a pobreza, a marginalização e a perda cultural. Embora tenha sido introduzida como um meio de melhorar a vida dos índios americanos, na realidade contribuiu para exacerbar as desigualdades e os problemas sociais destas comunidades.

A política de extinção dos índios, interrompida na década de 1960, teve consequências desastrosas para muitas tribos indígenas americanas. Os impactos desta política foram vastos e profundos, afectando quase todos os aspectos da vida dos povos indígenas. A perda de terras tradicionais foi uma das consequências mais imediatas e visíveis. As terras que tinham estado sob a proteção e gestão das tribos durante gerações foram retiradas, vendidas ou cedidas aos Estados. Esta situação não teve apenas implicações económicas, mas também perturbou os laços culturais e espirituais que as comunidades mantinham com as suas terras ancestrais. A retirada do reconhecimento federal de certas tribos levou à dissolução da sua soberania e das suas estruturas governamentais. Este facto despoletou sistemas políticos e sociais que tinham funcionado durante séculos, privando os povos indígenas do seu direito à autodeterminação. Além disso, a assimilação forçada teve um impacto considerável nas práticas culturais e nas línguas dos ameríndios. A pressão para adotar os estilos de vida e os valores da sociedade americana dominante levou a um declínio das práticas culturais tradicionais e à perda de línguas nativas, algumas das quais se tornaram mesmo ameaçadas de extinção. O fim do apoio federal aos serviços essenciais também teve repercussões graves, mergulhando muitas comunidades na pobreza e agravando problemas como o desemprego, as más condições de vida e o acesso limitado aos cuidados de saúde e à educação. Mesmo depois de a política ter terminado, as tribos tiveram de lidar com as suas consequências duradouras. Estão ainda em curso esforços para reconstruir, preservar e revitalizar as culturas, as línguas e os direitos das tribos. A política de extinção dos índios continua a ser um capítulo negro da história dos Estados Unidos, cujos ecos ainda se fazem sentir nas comunidades indígenas americanas contemporâneas.

Durante os anos 50 e seguintes, muitos grupos nos Estados Unidos enfrentaram a marginalização e desafios económicos e sociais significativos. Estes grupos incluíam os pobres urbanos, os imigrantes porto-riquenhos e mexicanos, os meeiros e os trabalhadores migrantes e as comunidades nativas americanas. Os pobres urbanos, frequentemente oriundos de diversas comunidades étnicas e raciais, lutaram pelo acesso a empregos dignos, a habitação a preços acessíveis e a serviços sociais adequados. Vivendo muitas vezes em condições precárias, enfrentavam a discriminação e as desigualdades sistémicas que limitavam as suas oportunidades económicas. Os imigrantes porto-riquenhos e mexicanos, atraídos pela promessa de melhores oportunidades económicas, enfrentaram frequentemente barreiras linguísticas, culturais e discriminatórias. Apesar da sua contribuição significativa para a economia através do trabalho agrícola e industrial, eram frequentemente marginalizados e tinham de enfrentar condições de vida e de trabalho difíceis. Os meeiros e os trabalhadores migrantes, principalmente empregados na agricultura, eram frequentemente explorados e mal pagos. Vivendo em condições precárias, eram vulneráveis a abusos e tinham poucas opções para melhorar a sua situação. No que diz respeito às comunidades ameríndias, a política de eliminação dos índios agravou os problemas existentes. Apesar do fim desta política em 1960, os efeitos devastadores continuaram, com a perda de terras, cultura, língua e acesso limitado a serviços essenciais. Todos estes grupos partilharam experiências de luta, resiliência e procura de uma vida melhor. As suas histórias põem em evidência as desigualdades e os desafios sociais que marcaram este período da história americana e que continuam a influenciar a sociedade atual.

A "Guerra contra a Pobreza" lançada pelo Presidente Lyndon B. Johnson em meados da década de 1960 representou uma série de iniciativas legislativas e programas sociais destinados a reduzir a pobreza e a apoiar as pessoas desfavorecidas nos Estados Unidos. A campanha fazia parte da visão mais alargada de Johnson para uma "Grande Sociedade" que procurava melhorar a qualidade de vida de todos os americanos. Entre as medidas tomadas, a criação do Office of Economic Opportunity (OEO) foi um passo fundamental. O objetivo desta agência federal era coordenar e supervisionar uma série de programas destinados a combater a pobreza, nomeadamente nas áreas da educação, formação profissional, saúde e emprego. Outras iniciativas incluíram a expansão de programas sociais como o Medicaid e o Medicare, que prestavam cuidados de saúde a pessoas com baixos rendimentos e a idosos, respetivamente. Foram também introduzidos programas educativos como o Head Start, que oferecia serviços de educação precoce a crianças de famílias com baixos rendimentos. Estes esforços conduziram a uma redução significativa das taxas de pobreza nos Estados Unidos. Entre 1964 e 1973, a percentagem de pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza passou de cerca de 25% para 11%. Esta redução notável testemunha o impacto positivo destas iniciativas na vida dos americanos mais vulneráveis. No entanto, a escalada da guerra do Vietname teve consequências para a "guerra contra a pobreza". medida que as despesas militares aumentavam e a atenção nacional se concentrava cada vez mais no conflito no Vietname, os recursos e o empenho político nos programas de luta contra a pobreza foram reduzidos. Este facto limitou a eficácia e o alcance destes programas e alguns dos ganhos obtidos na luta contra a pobreza foram prejudicados por estas prioridades políticas e financeiras em mutação.

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Referências[modifier | modifier le wikicode]

  1. Aline Helg - UNIGE
  2. Aline Helg - Academia.edu
  3. Aline Helg - Wikipedia
  4. Aline Helg - Afrocubaweb.com
  5. Aline Helg - Researchgate.net
  6. Aline Helg - Cairn.info
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